
A ementa do restaurante é extensa, predominando o peixe, que é o do mar de Peniche e de linha
Muita coisa mudou ao longo dos últimos 18 meses, e tudo para melhor, no restaurante Tasca do Joel, em Peniche, a meio caminho do centro histórico para o cabo Carvoeiro, do lado sul. O antigo espaço de restauração (há também uma loja gourmet) veio abaixo, literalmente, entre janeiro e fins de março do ano passado, para dar lugar a três salas modernas, amplas, luminosas e confortáveis. A madeira é o elemento dominante – mesas, cadeiras, lambris e tetos –, vendo-se fotografias de fornecedores da casa e painéis de garrafas de vinho a decorarem as paredes de duas salas.
A cozinha foi ampliada e reequipada, contando desde janeiro com o chefe Tiago Barroca, jovem criativo, mas bem identificado com a tradição da casa. Mais recentemente, foi recrutado outro jovem, Rúben Ferreira, pasteleiro, que acaba de surpreender com… o pão cozido no forno. Mantém-se, é claro, o fogão a lenha, e foi criado um bar, à entrada. No comando das operações continua o dono, Joel Martins, com ajudas do pai, na cozinha, e da mãe e da mulher, nas sobremesas.

A ementa é extensa, predominando o peixe, que é do mar de Peniche e de linha (anzol), com exceções óbvias, como a garoupa, vinda da Mauritânia. Noutro posto cimeiro está o bacalhau, sempre do melhor. As carnes são de três tipos e todas de alta qualidade: galega, quer maturada, quer ternera (vitela); porco preto, só cachaço e secretos; coelho sem osso e codornizes. Para começar a refeição, os conhecidos petiscos a que dificilmente se resiste, como os búzios gratinados e o mexilhão à guilho, ou novidades, como o tártaro e o pica-pau de atum-rabil (vendido na lota desde janeiro, quando passou a ser possível a pesca), cuja carne é saborosíssima. Os pratos do dia – uma sopa, um de peixe e outro de carne, todos diferentes – têm grande tradição na casa e há que lhes prestar honras, mormente ao crocante de codorniz, tipo almofada com recheio da ave, que é novidade, à quinta-feira, e ao cozido à portuguesa, que nunca pode faltar, ao domingo.
Os peixes, vindos diretamente do mar – robalo, rodovalho, cantaril, lula da costa, cherne, sargo, sardinha (na época), entre outros – requerem grelha, onde são preparados com mestria. Mas são igualmente bem confecionados no fogão, casos dos tradicionais “sequinhos” (uma só variedade de peixe, em jeito de caldeirada), da massada de cantaril (ou de outro, à escolha), do arroz de peixe ou da tranche de robalo com arroz de mexilhão. O bacalhau é do melhor, como já se disse, e vale a pena lembrar as quatro preparações tradicionais: à lagareiro, à Tasca (tipo à minhota), à Joel (frito com puré) e à Maria (frito com batatas a murro), bem como uma novidade, açorda de bacalhau com alho e coentros, que é a simplicidade feita delícia. Quanto às carnes, são grelhadas no ponto ideal, exceto os bifes à Lapadusso e à portuguesa, feitos na frigideira. Boa doçaria tradicional de origem caseira, exceto o Fidalgo, que chega do Alentejo. Garrafeira de alto nível, tal como o serviço do vinho. Muito bom acolhimento.
Tasca do Joel > R. do Lapadusso, 73, Peniche > T. 262 782 945 > ter-sáb 12h-15h, 19h-22h, dom 12h-15h > €25 (preço médio)