Rita Andringa tinha dúvidas para dar e vender, a começar pelo nome com que havia de o batizar. “Irias a um restaurante chamado Optimista?”, perguntou a um amigo francês. Ouviu que “o otimismo é sempre a melhor receita”, começou a ganhar certezas, registou o nome e convenceu o marido, Filipe, e mais dois sócios de que tudo iria resultar da melhor maneira possível.
Rita, designer de interiores, e Filipe, engenheiro informático, tinham um longo caminho percorrido na cozinha mas aqui queriam que tudo fosse perfeito, óptimo (assim mesmo, com p). Para trás ficaram os anos dedicados aos The Invaders (organizavam jantares surpresa em sítios improváveis) e à cafetaria do Carpe Diem, no Palácio Marquês de Pombal (onde casaram gastronomia e produção artística), e mergulharam no processo de transformação de uma antiga loja de ferragens na extensão da sala “lá de casa”. Deixaram no chão o mármore de origem e encheram a sala de almofadas, enfeitaram as mesas com flores, penduraram quadros nas paredes.
Filipe adora cozinhar, mas ficou de anfitrião. Recebe as pessoas à porta, como em casa, e leva-as à rua na hora da despedida. No entretanto, sempre discreto, oferece azeitonas e pão que se pode molhar num molho à Bulhão Pato, sugere pratos e vinhos, conversa com quem quer conversar. Na cozinha, André Ribeiro de Andrade (ex-Insólito e Rabo de Peixe) e Pedro Correia (ex-DOC) é que fazem a tomatada com infusão de alecrim e ovo escalfado (€5) ou os croquetes de rabo de boi (€6), o ensopado do mar (€12) ou o Cabeça, Tronco e Membros (que junta três partes do porco, a €16). Tudo pratos portugueses, “daqueles que gostamos de comer em casa”, explica Rita. A acompanhar, vinhos de produtores pequenos ou menos conhecidos, organizados não por regiões mas por sabores – salgados e vegetais, especiados e secos, quentes e gordos…
Em janeiro, já no inverno, haverá uma nova ementa. E será que na primavera chegarão as borboletas, para poisar nos corais da entrada? Sim, há que ser otimista.
A zelar por todo o otimismo do restaurante está Pureza, égua transformada em unicórnio pelo taxidermista João Fernandes, com o corno que, segundo o artista, e “como toda a gente sabe, tem a distância da ponta da orelha à ponta do nariz”.
Optimista > R. da Boavista, 86, Lisboa > T. 21 346 0629 > ter-qui 12h-15h30 e 19h-24h, sex-sáb 12h-15h30 e 19h-1h (cozinha fecha às 23h)