Avaliar o contributo do Terminal de Cruzeiros para a economia da cidade de Lisboa foi o objetivo do estudo solicitado à Nova School of Business and Economics (Nova SBE) pela Administração do Porto de Lisboa (APL). O presidente da autoridade portuária, Carlos Correia, rejeita que tenha sido uma resposta às queixas dos lisboetas e às críticas do autarca Carlos Moedas, que em setembro do ano passado reprovou a inserção do terminal na zona histórica de Lisboa e considerou que o turismo de cruzeiros “não ajuda nada a cidade, nem interessa à cidade”. Certo é que, contra os argumentos, a APL tem agora factos. As conclusões do estudo da Nova SBE indicam que os mais de 758 mil turistas que em 2023 embarcaram ou desembarcaram no maior porto de cruzeiros do País contribuíram com 794 milhões de euros para o PIB nacional (0,3% do total) e criaram, direta e indiretamente, cerca de 20 mil postos de trabalho. O gasto médio de cada passageiro (€159) ainda não atingiu um valor muito elevado, mas duplicou nos últimos dois anos, em grande parte devido à atração de cruzeiristas provenientes dos Estados Unidos da América e do Canadá. Mas como a relação do Porto de Lisboa com a cidade não se esgota na indústria de cruzeiros, a conversa com o presidente da APL incidiu também na requalificação das zonas ribeirinhas e na abertura ao público das gares de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbidos para finalmente poderem ser apreciados os 14 painéis de Almada Negreiros ali existentes.

O estudo sobre o impacto económico da indústria de cruzeiros foi uma resposta ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que disse que a atividade não interessa à cidade, e também aos lisboetas que residem perto do terminal, localizado no centro histórico, que se queixam do afluxo de turistas, do ruído e das emissões poluentes?
Não foi uma resposta ao presidente da câmara nem a ninguém. O estudo foi iniciado em 2023, os resultados coincidiram com essas declarações, que não comento, mas surgiu essencialmente da necessidade de perceber o impacto da indústria de cruzeiros na criação de emprego e na dinamização económica da cidade e da região. A localização do Terminal de Cruzeiros de Lisboa [em Santa Apolónia] foi decidida em 2012 e resultou de uma parceria estabelecida entre a APL e a câmara municipal, na altura presidida por António Costa. O grande mérito deste terminal é precisamente a sua localização na zona histórica da cidade. A inserção e a construção do edifício, da autoria do arquiteto Carrilho da Graça, é uma mais-valia para aquela zona, e não gerou qualquer reação negativa dos habitantes.
O pior foi mesmo quando os magotes de turistas dos navios começaram a chegar?
Tenho ouvido duas críticas em relação à atividade dos cruzeiros. Uma é sobre o pouco impacto na atividade económica da região. Nas estadas curtas, o gasto médio por passageiro é de €39, mas quando falamos do passageiro turnaround [que inicia ou termina em Lisboa as viagens de cruzeiro], o gasto médio sobe para €573. São gastos feitos no alojamento, na restauração, em pacotes turísticos. Cada cruzeiro que vem a Lisboa gera uma receita de 2,29 milhões de euros. Direta e indiretamente, estamos a falar de mais de 20 mil postos de trabalho criados pela atividade. Acho que o estudo evidencia o forte impacto na região, não só a nível económico, mas também na criação de emprego. A segunda crítica que oiço é sobre o excesso de turistas na cidade, que os cruzeiros contribuem para agravar ainda mais. Mas é preciso perceber, e o estudo demonstra-o, que o pico da atividade dos cruzeiros ocorre, por um lado, nos meses de abril e maio, e por outro, em setembro, outubro e novembro, ou seja, fora do verão e dos períodos de maior pressão, aproveitando a capacidade turística já instalada. Além do mais, o turismo de cruzeiros tem outra vantagem: é previsível. Conseguimos saber, com dois anos de antecedência, quantos navios vêm, em que horários, e podemos planear as chegadas.
B.I.
NOME
Carlos Alberto do Maio Correia
VIDA
Nasceu em 1968. É licenciado em Engenharia Civil, no ramo de Planeamento Territorial e Transportes, pelo Instituto Superior Técnico. Fez todo o percurso profissional no setor da mobilidade e transportes
CARREIRA
Acumula a presidência da Administração do Porto de Lisboa com a dos Portos de Setúbal e Sesimbra desde outubro de 2022. Fazia parte do anterior conselho de administração desde 2016. Entre 2011 e 2013, presidiu ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres e, entre 2009 e 2010, dirigiu a Autoridade Metropolitana de Transportes de Lisboa
Ficou surpreendido com as conclusões do estudo ou a APL já tinha noção do real impacto económico da atividade, nomeadamente ao nível do emprego?
Ficámos meio surpreendidos. Tínhamos noção de que havia um impacto forte da atividade dos cruzeiros, mas os números do estudo surpreenderam-nos pela positiva. Temos apostado no crescimento do turnaround, que em 2022 valia €367 por passageiro e agora vale €573 por passageiro. Este aumento, muito significativo, resulta de dois fatores. Um tem a ver com a inflação dos preços, o outro resulta de uma mudança na origem dos passageiros. Começámos a receber mais passageiros dos Estados Unidos da América e do Canadá, com uma capacidade económica superior à dos cruzeiristas tradicionais da Europa. Estes dois fatores potenciaram o aumento muito significativo da receita por passageiro turnaround.
Como vê a evolução da indústria de cruzeiros nos próximos dois anos? Vai continuar a aumentar ou vai estabilizar e consolidar-se?
Deverá haver uma estabilização. Em 2024, o número de navios cresceu 3,7%, mas em 2025 antevemos uma estabilização no número de passageiros, assim como nos anos seguintes, apesar de 19 novos navios irem fazer escala pela primeira vez no Porto de Lisboa. São estreias, embora parte deles seja de substituição.
Significa que esses navios vão regressar?
Vão passar a incluir Lisboa nas suas rotas. Estamos a alargar o mercado a novos navios e a novas companhias que virão a Lisboa pela primeira vez. Desde a pandemia, os navios transportam menos passageiros por razões de saúde pública e, por isso, receber mais cruzeiros não significa mais passageiros. Outro aspeto muito importante, não tão evidenciado no estudo, é que os cruzeiristas, mesmo estando de passagem, manifestam a intenção de voltar a Lisboa em turismo. Os cruzeiros funcionam como um cartão de visita para que as pessoas conheçam a cidade e, a seguir, venham visitá-la com mais tempo.
Hoje, a APL defenderia a construção do Terminal de Cruzeiros no centro histórico, apesar das críticas sobre o afluxo de turistas e sobre o impacto ambiental?
A localização no centro histórico é uma mais-valia para a atividade dos cruzeiros em Lisboa. Não é por acaso que o Terminal de Cruzeiros, pela nona vez consecutiva, voltou a ser galardoado este ano como o melhor terminal de cruzeiros da Europa. A localização do edifício, a facilidade com que os passageiros desembarcam no centro e podem visitar a cidade a pé, tem muito impacto. Relativamente às questões ambientais, desenvolvemos durante um ano um estudo de monitorização da qualidade do ar e da água na zona envolvente do terminal, que vai continuar a ser feito através da instalação de cinco estações fixas de medição das emissões. Todos os resultados do estudo estão abaixo dos limites europeus para as emissões de gases com efeito de estufa, e na sua maioria abaixo dos limites [mais restritivos] da Organização Mundial da Saúde. Estamos a fazer tudo para melhorar a sustentabilidade do terminal. O maior contributo virá de um projeto de eletrificação.
Não há muito tempo, uma ONG considerou o Terminal de Cruzeiros de Lisboa como o quinto pior da Europa em termos de emissões poluentes. Como é que explica esse resultado?
Não sei como foi feito o estudo dessa ONG, mas tenho dúvidas sobre os resultados. Os maiores níveis de emissões registam-se nas manobras de atracagem e de partida dos navios, mas a indústria tem investido na melhoria das condições ambientais das embarcações. Hoje, utilizam combustíveis com baixo teor de enxofre [o dióxido de enxofre é um dos principais responsáveis pelas emissões] e dispõem de filtros que fazem retenção de partículas quando os motores estão ligados. São regras internacionais determinadas a nível global.
O que é que já foi feito na área da eletrificação e o que falta fazer para que os navios possam desligar os motores durante o tempo que permanecem no terminal?
Para manterem os equipamentos ligados, os navios recorrem a geradores que utilizam combustíveis fósseis. Com a instalação do sistema Onshore Power Supply (OPS), que permite a eletrificação do cais, o navio pode ligar-se à rede e passar a ser abastecido por energia elétrica, o que vai permitir a redução do ruído e a redução das vibrações transmitidas ao cais, melhorando ainda mais a questão ambiental do terminal de cruzeiros.
Em que fase está o projeto de eletrificação do terminal?
O objetivo é instalar até 2029 o sistema OPS no Porto de Lisboa. A obra iniciar-se-à no próximo ano. Como não temos, na zona do terminal, potência de rede suficiente para abastecer os navios, temos de ir buscar rede em alta tensão onde ela existe, a uma subestação da E-Redes situada a cerca de quatro quilómetros, no Alto de São João. Na zona do Terminal de Cruzeiros, vai ser construída, pelo Porto de Lisboa, uma subestação elétrica para o abastecimento em média tensão do Terminal de Cruzeiros, e em baixa tensão dos cinco terminais de contentores existentes na zona oriental. Este projeto não se limita aos cruzeiros. Engloba também a carga porque, a partir de 2030, os navios com mais de cinco mil toneladas serão obrigados a ligar-se à rede elétrica quando estiverem atracados no porto. Uma vez que estamos a negociar os prolongamentos das concessões dos terminais de contentores, o investimento caberá aos concessionários.

Qual o investimento previsto?
São cerca de 18,4 milhões de euros até à subestação do terminal, a cargo do Porto de Lisboa. A APL tem um financiamento comunitário aprovado de cerca de 14,8 milhões de euros. O projeto total custará cerca de 36 milhões de euros.
É possível quantificar a redução das emissões poluentes prevista?
A redução será de cerca de 77%, uma vez que apenas inclui as cerca de oito a dez horas que os navios passam atracados em cais. Quando chegam e quando partem, fazem-no com os motores ligados, por isso a redução nunca será de 100%. A eletrificação diminui também muito o ruído, a poluição sonora. Se quisermos comparar, é como passar de um automóvel a combustão fóssil para um veículo elétrico.
A APL foi anfitriã da 19ª conferência mundial da Association Internationale Villes et Ports, que se realizou em Lisboa em novembro. Que conclusões saíram do encontro?
Esta associação estuda a relação entre portos e cidades e a importância que estas atribuem aos seus portos enquanto motores de desenvolvimento. Nos últimos anos, tem havido uma melhoria na relação entre o porto e a cidade de Lisboa. Enquanto administração portuária, temos a perceção de que quem faz a gestão do território são os municípios. Por isso, há que incorporar as lógicas e as pretensões dos municípios na nossa estratégia de desenvolvimento. É possível alcançar um equilíbrio entre a gestão do território e a atividade portuária sem se viver em tensão permanente. A conferência mostrou como é que outros países abordam essa questão e como é que integram a atividade portuária nas dinâmicas do seu território. No final, a APL assinou uma carta de compromisso com a AIVP para o desenvolvimento do Porto de Lisboa de acordo com as boas práticas da associação.
Que tipo de integração deve ter o porto de Lisboa com a cidade?
Temos vários projetos. Nos aniversários da APL, fazemos sempre algo de perene para a própria cidade. Executámos o mural do Vhils no Cais da Rocha do Conde de Óbidos [uma homenagem aos refugiados da II Guerra Mundial] e estamos a desenvolver o projeto Ocean Campus [na Doca de Pedrouços] com a Câmara Municipal de Lisboa e com a Fundação Champalimaud [e com uma sociedade de reabilitação entretanto anunciada pelo Governo] para promover a investigação associada à economia azul e às questões do mar. Temos também um projeto de requalificação da zona portuária de Alcântara. Em parceria com a Associação do Turismo de Lisboa, estamos a fazer um centro interpretativo dos painéis de Almada Negreiros na Gare Marítima de Alcântara e na Gare da Rocha do Conde de Óbidos. A recuperação [dos 14 painéis, símbolos do modernismo português] está a ser feita, e esperamos que possam ficar acessíveis ao público a partir do primeiro trimestre de 2025. Uma nova centralidade vai ser criada em toda esta zona portuária a partir da recuperação do passeio norte, conhecido como Doca do Espanhol, com áreas de atividades performativas, de lazer e espaços verdes. Outra intervenção da APL decorrerá na zona oriental da cidade, entre Santa Apolónia e o Poço do Bispo, onde estão os nossos cinco terminais de contentores. No âmbito do prolongamento das concessões, queremos fazer a integração dos terminais na zona envolvente, através da criação de espaços verdes.
Quais são os valores investidos?
São investimentos consideráveis. No passeio da Doca do Espanhol, estamos a falar de cerca de oito milhões de euros. Na parte oriental da cidade, o investimento será da ordem dos 15 milhões de euros, envolvendo também a recuperação de um edifício do arquiteto Troufa Real que vai ser transformado em zona de restauração. É nossa intenção incluir também no projeto a recuperação da Doca do Poço do Bispo, reproduzindo a ideia das barcaças atracadas no rio Sena que durante os Jogos Olímpicos de Paris foram adaptadas para receber piscinas, restaurantes, etc.
E qual o valor do investimento na recuperação dos painéis de Almada Negreiros?
Esse investimento resulta de uma candidatura ao World Monuments Fund (WMF), uma associação vocacionada para a recuperação do património histórico e cultural que atribuiu um financiamento de cerca de 700 mil euros. A APL vai investir cerca de quatro milhões de euros na recuperação das Gares Marítimas de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbidos. A Associação de Turismo de Lisboa está a investir mais quatro milhões de euros na concessão do centro interpretativo e na abertura de um restaurante na Gare de Alcântara, decorado em estilo Art Déco, remetendo para a época da criação dos painéis, que também servirá de atração.
Com as alterações climáticas, e a subida do nível médio das águas do mar, como é que uma cidade portuária como Lisboa pode defender-se?
Todos os novos projetos incorporam essas preocupações. Todas as construções novas na zona ribeirinha de Lisboa terão uma cota de soleira de cinco metros, segundo uma proposta da Agência Portuguesa do Ambiente. Mais difícil é a intervenção sobre as estruturas já existentes, porque exigem investimentos muito vultuosos. Nos planos de emergência dos terminais, temos procurado ter algum cuidado com a localização dos equipamentos. Essa preocupação estende-se também à prevenção de tsunamis ou cheias, criando condições que facilitem o acesso das pessoas aos pisos superiores dos equipamentos.
Lisboa, capital dos cruzeiros
Um estudo da Nova SBE mede o impacto dos navios de cruzeiro que passam pelo porto da capital, o que mais passageiros recebe a nível nacional

Os longos períodos de paragem durante a pandemia afetaram o Turismo a nível global, mas, assim que os confinamentos terminaram, a vontade de viajar era imensa – houve mesmo quem lhe chamasse revenge travel (viagem de “vingança”, em tradução livre). Em pouco tempo, a atividade regressou aos valores pré-pandemia e bateu novos recordes. Um dos segmentos que maior crescimento registou foi a indústria de cruzeiros, que tem na cidade de Lisboa uma importância cada vez maior. Os números assim o indicam. Em 2023, a capital recebeu 347 dos 980 navios de cruzeiro que fizeram escala nos portos portugueses, e acolheu mais de 758 mil dos 1,7 milhões de passageiros que pisaram solo nacional.
Só na cidade de Lisboa, o turismo de cruzeiros duplicou, em apenas quatro anos, o seu peso no PIB nacional, subindo de 0,16% em 2019 para 0,3% do PIB em 2023, e gerando um contributo de 794 milhões de euros, ou seja, mais 458 milhões de euros face aos 336 milhões de euros registados em 2019. As conclusões são do estudo de Avaliação do Impacto Económico da Indústria de Cruzeiros em Lisboa 2023, realizado pela Nova School of Business and Economics (SBE) e assinado pelos economistas Pedro Brinca e João Bernardo Duarte.
Se olharmos apenas para o PIB do Turismo nacional, o impacto dos navios de cruzeiro que partiram, chegaram ou fizeram escala de algumas horas em Lisboa cresceu de 1,84% para 2,16% nestes quatro anos. E o contributo para o município de Lisboa aumentou de 1,4% para 1,7%, no período analisado.
Numa análise mais fina, o estudo da Nova SBE indica que cada navio de cruzeiro que atracou no Porto de Lisboa contribuiu, em média, com 2,29 milhões de euros para o PIB, gerou 910 mil euros em receitas fiscais e criou 59 postos de trabalho, o que traduz um crescimento significativo face a 2019. Se considerarmos os efeitos totais ‒ direto, indireto e induzido ‒, a indústria de cruzeiros teve, no seu conjunto, um impacto na economia da cidade de 1 934 milhões de euros, rendeu ao Estado 317 milhões de euros em impostos (a maior fatia foi do IVA, com 147 milhões de euros) e criou 20 383 postos de trabalho. Estes valores comparam favoravelmente com os de 2019, segundo os quais o impacto económico foi de 840 milhões de euros, a receita fiscal de 133 milhões de euros e os empregos criados em número de 8 863.
Gasto médio de €159
Os passageiros dos cruzeiros de visita à capital gastaram, em média, 159 euros, um valor que é quase o dobro do montante de 82 euros apurado numa análise intercalar efetuada em 2022. Estes gastos são feitos principalmente nos segmentos do alojamento, agências de viagens, comércio a retalho, restauração e transportes.
No entanto, os autores do estudo isolaram “dois perfis de passageiros distintos”: os que chegam e partem nos navios em trânsito, permanecendo em Lisboa, em média, entre 8h e 10 horas, e os que iniciam ou terminam em Lisboa as suas viagens de cruzeiro (turnaround), fazendo estadas mais longas que incluem dormida.
Os dois perfis originam valores muito diferentes. Enquanto a despesa média dos passageiros em trânsito foi de 39 euros, excedendo apenas ligeiramente o valor de 37 euros apurado em 2022, já o gasto médio dos passageiros turnaround foi de 573 euros, um valor bastante superior aos 367 euros obtidos em 2022. É no transporte, compras a retalho e pacotes turísticos que os passageiros em trânsito gastam o dinheiro, mas, no caso dos passageiros turnaround, o alojamento absorve a maior parte da despesa, seguido pelos pacotes turísticos, restaurantes e cafés e compras no comércio a retalho.
Este aumento do gasto médio por passageiro resulta, por um lado, da inflação verificada nos preços durante o período em análise ‒ atingiu 10% entre maio de 2022 e maio de 2024 ‒ e, por outro, do acréscimo em 200 mil do número de passageiros turnaround e também da sua maior propensão para gastos mais elevados, principalmente por parte dos cruzeiristas vindos dos Estados Unidos da América e do Canadá (ver entrevista com presidente da APL).
No estudo, os economistas da Nova SBE encontraram um multiplicador de produção para a indústria de cruzeiros que consideram como sendo “elevado”. A estimativa “mais conservadora”, por incluir apenas os efeitos indiretos da atividade, indica que, entre fornecedores e passageiros, cada euro gasto pela indústria de cruzeiros em Lisboa “gera 1,65 euros na economia”. Se forem incluídos os efeitos induzidos, então cada euro gasto irá gerar “3,57 euros de atividade económica”.
Além do retorno para a economia, o Porto de Lisboa tem um compromisso com a sustentabilidade, estando a desenvolver projetos para reduzir as emissões poluentes dos navios de modo a “assegurar que Lisboa continue a ser um destino de excelência no setor do turismo de cruzeiros, equilibrando a proteção ambiental com o crescimento económico sustentável”.
Artigo publicado na Exame nº 487 de janeiro de 2025