Um novo estudo realizado por uma equipa conjunta de investigadores das Universidades de Cambridge e de Exeter, no Reino Unido, sugere que medicamentos comuns – como antivirais, antibióticos e vacinas – estão associados à redução do risco de demência. Segundo as conclusões do estudo, publicado recentemente na revista científica Alzheimer’s and Dementia: Translational Research & Clinical Interventions, a utilização destes medicamentos pode acelerar o desenvolvimento de novos tratamentos para a demência.
Atualmente, os medicamentos indicados para esta doença estão direcionados para o tratamento de sintomas. “Precisamos urgentemente de novos tratamentos para abrandar a progressão da demência, se não mesmo para a prevenir. Se conseguirmos encontrar medicamentos que já são autorizados para outras doenças, podemos submetê-los a ensaios e – o que é crucial – disponibilizá-los aos doentes muito mais rapidamente do que poderíamos fazer com um medicamento totalmente novo”, explicou Ben Underwood, da Universidade de Cambridge, um dos investigadores envolvidos no estudo.
Para a investigação, a equipa de especialistas realizou uma revisão sistemática de 14 estudos anteriores, com dados médicos de cerca de 130 milhões de pessoas – das quais 1 milhão com a patologia – que já estabeleciam uma associação entre estes medicamentos e o risco de demência. Através dessa análise, e embora tenha existido alguma falta de consistência entre os estudos na identificação destes medicamentos, foi possível identificar uma associação entre os antibióticos, antivirais e vacinas e uma redução do risco de desenvolvimento da doença. “A associação entre antibióticos, antivirais e vacinas e a diminuição do risco de demência é intrigante”, pode ler-se no estudo.
Medicamentos anti-inflamatórios – como o Ibuprofeno – também foram associados a uma redução do risco. Entre as vacinas analisadas, os investigadores destacaram a associação entre as vacinas contra a difteria, hepatite A, febre tifoide e combinação de hepatite A e febre tifoide e uma redução do risco de demência entre os 8 e os 32 por cento.
Embora os resultados do estudo sejam animadores, os autores do mesmo defendem ser necessários mais testes e ensaios clínicos para comprovar a eficácia destes medicamentos na redução do risco de demência. “O facto de um determinado medicamento estar associado a um risco alterado de demência não significa necessariamente que cause ou que ajude, de facto, a combater a doença”, explica Ilianna Lourida, uma das autoras do estudo. Atualmente, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que cerca de 55 milhões de pessoas sofram de demência em todo o mundo.