Atualmente, a Organização Mundial de Saúde estima que 55 milhões de pessoas sofram de demência em todo o mundo, com 10 milhões de novos diagnósticos por ano. A demência é a sétima causa de morte em seniores, e a doença de Alzheimer é sua a forma mais comum, representando 70% dos diagnósticos.
Demência é um termo geral para um conjunto de sintomas que podem incluir perda de memória e alterações de humor e comportamento, bem como dificuldades de pensamento ou linguagem que reduzem a capacidade de um indivíduo executar tarefas rotineiras.
Alguns fatores de risco para o desenvolvimento de demência são a idade, a carga genética, pouca atividade física, historial de depressão, fraca estimulação cognitiva, hipertensão, obesidade, diabetes e exposição à poluição.
Os fatores de risco são aspectos do estilo de vida, ambiente e antecedentes genéticos que não causam a doença mas aumentam a probabilidade de ter demência.
A demência é progressiva e ainda não se conhece uma cura, contudo existem opções de tratamento e escolhas de estilo de vida que podem retardá-la.
Socialização
A socialização desempenha um papel fundamental na prevenção da demência ao potenciar uma maior autoestima, um aumento do envolvimento em atividades coletivas e ao diminuir a sensação de solidão.
Segundo um estudo publicado, em 2022, na revista científica Medicine, para uma pessoa com demência, a socialização é muito mais do que interagir com pessoas, lugares e objetos – permite-lhe estar presente nas atividades e acontecimentos que decorrem ao seu redor.
Um fator talvez menos óbvio na dimensão da socialização é a questão da perda auditiva. Esta pode tornar difícil a ligação com outros, levando ao isolamento social, solidão e depressão, pelo que é necessário encontrar soluções para a perda de audição.
Prática regular de exercício físico
Os benefícios do exercício são claros quando se consideram os fatores associados ao risco de desenvolvimento de demência. As pessoas que fazem exercício regularmente são menos propensas a sofrer acidentes vasculares cerebrais e enfartes, hipertensão, diabetes tipo 2 ou excesso de peso, todos fatores concorrentes para o desenvolvimento da doença.
Vários estudos onde grandes grupos de pessoas são acompanhados ao longo do tempo descobriram que níveis mais elevados de exercício físico estão associados a um menor declínio cognitivo nas pessoas idosas.
Outras investigações descobriram que as pessoas que fazem exercício físico regularmente experimentam uma perda mais lenta de tecido cerebral à medida que envelhecem.
Atividades como a dança têm apresentado resultados positivos ao melhorar as funções cognitivas e a reduzir a atrofia cerebral. A dança, para além de exigir resistência e coordenação, é uma atividade inerentemente social.
Estimulação intelectual
Exercitar a mente é tão importante como exercitar o corpo. Quase todos os tipos de atividades mentais podem ser benéficas, porém estas têm de ser complexas, frequentes e envolver novas aprendizagens.
Numerosos estudos têm sugerido que o envolvimento em atividades mentalmente estimulantes ao longo da vida está associado a uma melhor função cognitiva. Atividades estimulantes podem fazer com que o cérebro constitua uma proteção fisiológica que preserve as funções cognitivas e retarde a demência.
No ano passado, um estudo publicado no New England Journal of Medicine confirmou que fazer palavras cruzadas regularmente pode atenuar os sintomas da demência.
Os puzzles são um jogo particularmente benéfico para a memória e o raciocínio. Os quebra-cabeças podem variar dificuldade e requerem muito mais coordenação mão-olho e memória.
Outro estudo sugere que as pessoas com certos tipos de condições cognitivas, tais como a demência, experimentam uma diminuição nas competências numéricas e de cálculo, sendo possível estimulá-las através de jogos com dados.
Dieta saudável
Uma dieta equilibrada funciona indiretamente na prevenção da demência ao afetar outros fatores de risco, tais como a diabetes, a obesidade e doenças cardíacas.
Um regime alimentar que mostra alguns resultados promissores é a dieta mediterrânica, que enfatiza a ingestão de frutas, vegetais, cereais integrais, legumes, peixe e mariscos; é baixa em gorduras insaturadas, como azeite; e promove um menor consumo de carne vermelha e ovos.
Uma nova via de investigação centra-se na relação entre o microbioma intestinal e processos relacionados com o envelhecimento dos tecidos.
A importância do sono
Estudos têm sugerido que os padrões de sono podem contribuir para o risco de desenvolvimento de demência, visto que o sono é fundamental para o um bom desempenho cognitivo e consolidação da memória.
Tanto um sono insuficiente, como um sono mais prolongado do que a média aconselhada (sete a oito horas) têm sido associados a uma maior probabilidade de desenvolvimento de demência.
Num estudo publicado em 2021, investigadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, descobriram que os participantes que dormiram menos de cinco horas por noite tinham o dobro da probabilidade de desenvolver demência em comparação com aqueles que dormiram seis a oito horas por noite.
Como o principal factor de risco para a demência é a idade, o aumento contínuo da esperança de vida e do envelhecimento da população também aumenta a probabilidade de as pessoas desenvolverem a doença. A população europeia está a envelhecer. Segundo dados do Eurostat, mais de um quinto da população da União Europeia tinha 65 anos ou mais em 2020, e a esperança média de vida situou-se nos 81 anos para alguém nascido em 2019. Portugal não é exceção e prevê-se um aumento dos casos de demência, com uma projeção de cerca de 350 mil casos em 2050.
Uma investigação publicada na revista científica The Lancet em 2020 mostra que o risco de desenvolver demência poderia ser reduzido em até 40%, abordando fatores relacionados com o estilo de vida saudável.