Um novo estudo, publicado esta semana, concluiu que o medicamento para a diabetes Mounjaro é mais eficaz na perda de peso em adultos com excesso de peso e obesidade do que o concorrente Ozempic. Os resultados surgem numa altura em que ambos os medicamentos, prescritos originalmente para tratar a diabetes tipo 2, ganham uma nova popularidade por ajudarem os utilizadores a perder grandes de quantidades peso.
Tanto o Ozempic – que tem o semaglutido como princípio ativo – como o Mounjaro – tirzepatida administrada por via intravenosa – imitam os efeitos que a hormona intestinal GLP-1 tem no organismo, ao estimular a produção de insulina e retardar a passagem dos alimentos pelo estômago, bem como ao “enviar” sinais ao cérebro que controlam o apetite da pessoa e a levam a comer em menor quantidade. Contudo, a diferença pode estar no facto de a tirzepatida estimular uma segunda hormona intestinal – designada por GIP – o que levará a uma maior eficável do Mounjaro na perda de peso. As conclusões estão de acordo com algumas observações realizadas em ensaios clínicos e que levam muitos médicos a acreditar que a tirzepatida possa ser mais forte que o semaglutido.
O novo estudo – ainda não revisto cientificamente ou publicado – foi realizado pela empresa de análise de dados Truveda Reacher, gerida por 30 sistemas de saúde dos EUA e é a primeira investigação comparativa entre os medicamentos. “Mais de 70% dos adultos americanos têm excesso de peso ou obesidade, pelo que existe um enorme potencial para a utilização destes medicamentos e [há] realmente uma falta de informação”, explicou Patricia Rodriguez, autora principal do estudo.
A equipa de investigadores observou milhares de registos médicos – entre maio de 2022 e setembro de 2023 – de forma a encontrar adultos, com excesso de peso, medicados com Mounjaro ou Ozempic e analisou apenas as doses aprovadas para o tratamento de diabetes tipo 2 – fator que limita as conclusões do estudo. Ao todo foram analisados dados de cerca de 18 mil pessoas, sendo que mais de metade – cerca de 52% – tinha diabetes tipo 2 e os restantes – 48% – não tinham qualquer historial de diagnóstico de diabetes. As descobertas levaram os investigadores a concluir que este último grupo – com mais de 9 mil pessoas – estava, provavelmente, a tomar a medicação sem indicação médica, apenas para a perda de peso.
Segundo as conclusões, as pessoas a tomarem Moujaro perderam uma maior percentagem do seu peso inicial do que as que tomaram Ozempic, mesmo tendo o diagnóstico de diabetes tipo 2. Após três meses do início da toma do medicamento, a perda de peso média foi de cerca de 6% para os utilizadores de Mounjaro, em comparação com 4% para o Ozempic. Já aos seis meses de toma, a perda de peso média com o Mounjaro foi de 10%, e cerca de 6% para o Ozempic. Por fim, após um ano a tomar a medicação, as pessoas com o primeiro medicamento mostraram uma perda média de 15% do seu peso corporal, uma diferença considerável para os cerca de 8% perdidos por pessoas sob a medicação Ozempic. No entanto, os investigadores deixaram que a nota que cerca de metade dos consumidores de ambos os medicamentos acabaram por parar a sua toma ainda durante o período de estudo, o que poderá ter influência nos resultados.
Os efeitos secundários mais comuns observados nos registos médicos foram as náuseas e os vómitos, registadas em cerca de uma em cada cinco pessoas, sendo muito semelhantes entre ambos.