Tratar a depressão é a demanda de psiquiatras, psicólogos, investigadores e doentes em todo o Mundo. Muita estrada foi palmilhada e, atualmente, surgem cada vez mais terapias inovadoras que prometem um alívio dos sentimentos negativos que a doença provoca. Uma das mais recentes novidades para a depressão resistente ao tratamento, um tipo que afeta cerca de 5% da população, é um spray nasal de esketamina, um derivado da cetamina, substância com propriedades psicadélicas.
Aprovado em 2019 pelas agências do medicamento europeia e americana, o spray ainda não tem luz verde do Infarmed. É apenas possível, em casos muito extraordinários, submeter ao Infarmed um pedido de importação direta para o paciente em questão e esperar que seja aprovado, como explica Inês Bandeira e Cunha, psiquiatra do Centro Hopitalar Psiquiátrico de Lisboa, que se tem batido pela aprovação do medicamento em Portugal.
O spray é autoadministrado pelo doente, mas só pode ser tomado sob supervisão direta de um profissional de saúde, em contexto de hospital de dia, devido a possíveis efeitos colaterais. O que acontece depois é que a esketamina vai atuar sobre neurotransmissores diferentes daqueles sobre os quais costumam atuar os antidepressivos clássicos, contribuindo para a recuperação da função sináptica em regiões cerebrais envolvidas na regulação do humor e do comportamento emocional.
Tem uma resposta quase automática, muito importante em situações de emergência, quando há, por exemplo, intenção suicida
Inês Bandeira e cunha – psiquiatra
Enquanto o spray de esketamina não chega ao nosso país, existem outras alternativas inovadoras, da eletroconvulsoterapia, em que são desencadeadas crises convulsivas medicamente controladas, à estimulação magnética transcraniana (EMT), que permite modificar as propriedades elétricas de uma zona muito restrita do cérebro, através de um equipamento que produz campos magnéticos focais, ou ainda a psicoterapia assistida por cetamina, que, tal como outros psicadélicos, torna o cérebro e a mente mais moldáveis, facilitando mudanças de pensamento e comportamentais, abrindo assim uma oportunidade de intervenção.

Na última edição da VISÃO Saúde, atualmente nas bancas, é possível encontrar mais pormenores sobre todos os novos tratamentos e conquistas da ciência na área da depressão.
Num extenso dossier dedicado às doenças mentais, além da depressão são abordadas as perturbações da ansiedade (como as obsessivo-compulsivas ou as fobias), o burnout, a doença bipolar e a esquizofrenia ou a psicossomatização, quando o sofrimeno psicológico se manifesta de forma física.
Explicamos como a Ciência avança em cada uma destas áreas e quais os tratamentos disponíveis que nos trazem a esperança da cura. E trazemos ao leitor muitas histórias de superação, na primeira pessoa, de quem atravessou infernos e lutou contra muitos demónios.
Mas há mais temas além das doenças mentais. A esperança também está presente quando se fala do cancro da mama, com terapias novas a surgirem. Damos voz aos especialistas que estudam o efeito placebo: afinal, resulta ou não? Na área da alimentação, mostramos como o grande inimigo é o açúcar, não a gordura, tantas vezes diabolizada.
A VISÃO Saúde está cheia de artigos de grande interesse, cientificamente sustentados, com entrevistas várias aos profissionais de saúde e bem estar. Já nas bancas à sua espera.