O Líbano, como sempre, está envolvido em sarilhos entre as forças xiitas do «Partido de Deus» (Hezbollah) e o poder militar israelita, que não tem igual na região nem na maior parte do mundo. As gerações mais jovens de libaneses, tanto muçulmanos como cristãos, estão legitimamente cansadas de servir como santuário para grupos terroristas, de ser um entreposto para material de guerra vindo do Irão e de ser um centro de lavagem de dinheiro de atividades e origens obscuras.
O Hezbollah atirou-se a Israel para vingar o seu comandante morto em Beirute, mas foi apanhado de surpresa pelo ataque preventivo lançado por Telavive. A capacidade de recolha de informações dos israelitas continua a ser notável. Antes mesmo de a ordem de ataque do comando político e militar dos extremistas ser enviada às suas forças, os aviões, mísseis e drones israelitas já estavam em cima do Líbano.
Este ataque do Hezbollah é muito semelhante ao que Teerão lançou há alguns meses contra Israel, que acabou em fracasso. Centenas de mísseis e drones foram lançados do Irão, mas a maioria foi abatida pelas forças aéreas dos EUA, Grã-Bretanha e França, e os que passaram foram destruídos pela Cúpula de Ferro. Essa ‘guerra’ terminou aí. A ofensiva do Hezbollah teve o mesmo destino, mas desta vez partiu com ligeiro atraso. É um golpe preventivo que deixa Teerão muito inquieta.
Todos os cenários estão em aberto, mas há intensas comunicações entre Estados terceiros para acalmar o ‘Partido de Deus’ e Israel. É muito difícil porque ainda falta a vez do Irão, e eles gostam de atacar por ondas. E cresce a profunda irritação e frustração entre os inimigos jurados que desejam destruir os israelitas: não bastava terem um Estado, como agora também estão protegidos por uma Cúpula quase intransponível. Assim não vale. Assim não funciona. Assim não pode ser. Assim não há guerra.
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