Quando não temos mais nada para fazer, damos uma carga de pancada em João Galamba. É o nosso saco de boxe. O único que está no ginásio. Que aguenta. Que mexe. Que absorve. Este saco, que se pôs a jeito, leva de manhã à noite. Já se nota tanta bordoada. Está mais frágil.
A ironia, contudo, é que Galamba até já tinha pedido para abandonar os treinos. De musculação. Já não queria brincar. Já levou demais. Já apanhou o Síndroma de Stress Pós-Traumático. Queria sair, mas teve de ficar. Sozinho, abandonado, amargurado.
E como qualquer saco de boxe, estando pendurado, leva sempre uma cacetada. De quem está, de quem entra, de quem sai. E de todos os outros. É verdade que chama a atenção. Que está à mão de semear. Que serve de desculpa. Quem não usa Galamba, o saco de boxe do Governo?
Enquanto for ele, tudo bem. E estava a pedi-las. É para o que serve. Um saco de boxe é uma infraestrutura. Uma conveniência. Uma comodidade. Alivia a pressão. Diminui a tensão. Reduz a irritação. E todos os dias lá está ele, pendurado, pacientemente. À espera de mais um sopapo.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.