Depois da desilusão com o empate contra a Islândia, uma das grandes discussões em torno do próximo jogo da seleção nacional no Euro2016 é o de saber se Renato Sanches deve, ou não, ser titular contra a Áustria. É verdade que se dispute também se deve Fernando Santos fazer uma “revolução” na equipa ou apenas “refrescar” o onze. Se tem de ser Quaresma ou Nani (ou os dois) a acompanhar Cristiano Ronaldo na frente. Se Moutinho ainda tem andamento para estas andanças. Ou se o melhor trinco é Danilo ou William. Mas o que realmente parece atormentar mais as hostes é a possível titularidade de um miúdo de 18 anos que apareceu esta época no Benfica. Sobretudo quando isso pode implicar que o trio do meio-campo do Sporting (Adrian, João Mário e William) continue a não ser opção (em simultâneo) para Fernando Santos.
Apesar de, como qualquer adepto que se preze, também eu ter alma de treinador, não faço a mínima ideia se a melhor opção para a seleção ter sucesso no Euro2016 passa pela entrada de Renato ou pela aposta no trio-maravilha de Jorge Jesus. O que me incomoda é que a discussão se faça apenas do ponto de vista clubista. É verdade que este é apenas mais um exemplo do que é o pão nosso de cada dia no futebol português, mas já devíamos ter percebido que, assim, não se vai longe.
Jorge Jesus já veio defender que Renato será um jogador com futuro mas que ainda é cedo para o lançar na equipa principal de Portugal. Ora, além de, nesta matéria, a opinião do treinador do Sporting ser tudo menos isenta, o interessa perceber é se, Fernando Santos, ao convocar aquele jogador, o fez apenas para ele se ambientar ao convívio com os mais velhos ou se o fez por acreditar que é realmente uma opção. Quero acreditar que tenha sido esta ultima a razão. Pelo que não há motivo para que o selecionador nacional não faça, agora, o mesmo que, em 2004, Scolari fez com um jovem de 18 anos, de seu nome Cristiano Ronaldo.
Renato Sanches tem tudo para explodir neste Euro2016 como aconteceu com o agora Melhor do Mundo há 12 anos. É uma força da natureza. Tem, como tinha o CR7, o desplante de jogar um futebol atrevido. Não se amedronta por jogar ao lado ou contra os consagrados. Pelo contrário, faz-lhes frente. Demonstrou, esta época, ter estofo e talento para ser a peça que revolucionou uma equipa amorfa e desinspirada. Porque razão não pode fazer o mesmo agora numa seleção que, no primeiro jogo, demonstrou exatamente estes problemas? Nunca o saberemos se não se experimentar.
Deixem jogar o Renato!