A vida política tornou-se tão intensa que, por vezes, enredados em cenários complexos e teorias explicativas, nos falham os raciocínios mais simples. Nas legislativas do último domingo, 18, há um vencedor claro e um derrotado evidente. Luís Montenegro conseguiu mais votos, a tal “maioria maior” de que falou durante a campanha, e por isso é óbvio que ganhou as eleições. Já Pedro Nuno Santos obteve o terceiro pior resultado de sempre para o Partido Socialista, tendo perdido mais de 365 mil votos num só ano. A derrota é acentuada pela enorme probabilidade de, após a contagem nos círculos da emigração, poder vir a escapar-lhe o lugar de líder da oposição.
Depois de nos últimos meses ter tentado atenuar a sua imagem radical de “jovem turco”, ao secretário-geral do PS não lhe restava outra coisa senão demitir-se. Foi o que fez logo na noite das eleições, no Hotel Altis. Aceitou a derrota, disse que assumia as responsabilidades, mas também foi esclarecedor quando falou da atitude que manteve no último ano. “O partido vai ter de tomar decisões importantes sobre a relação que terá de ter com o próximo governo. A minha posição é muito clara sobre essa matéria. Não quero ser um estorvo para o partido”, justificou.