Sou liberal por convicção em tudo o que diz respeito a costumes, mas ser liberal nos dias que correm pode ter vários significados. Diria mesmo que liberalismos há muitos, com outras tantas ramificações e divergências. Vou, por isso, focar-me no liberalismo dos costumes e afirmar que sou totalmente defensor do: cada um tem o direito a fazer o que quiser com o seu corpo; cada pessoa tem o direito a ser feliz. No entanto, tenho de abrir uma exceção quando o tema é desporto, força física/resistência.
A evolução da própria humanidade preparou homens e mulheres de forma diferente. E o que está nos cromossomas (sejam eles X, Y ou XY) não se pode alterar. Não é questão hormonal, nem tão pouco física. Por isso, é urgente que no desporto se criem categorias também para pessoa trans ou intersexo. Só assim será possível que situações como aquela a que assistimos nos Jogos Olímpicos de Paris não se repitam e os atletas possam competir por igual. Ninguém, mas absolutamente ninguém merece passar por situação semelhante aquela que a pugilista argelina Imane Khelif ou a pugilista italiana Angela Carini estão a viver. Ambas são mulheres, mas o que está nos cromossomas não se pode alterar. Por isso, devem poder discutir de igual para igual os anos e anos de preparação para a prova maior do desporto.
Se no desporto defendo categorias novas e visto a camisola de liberal conservador, na beleza, ou melhor nos concursos de beleza, a opinião é diferente. Nos concursos de beleza a beleza é sufragada por um júri, que, em última análise, pode não votar naquela mulher ou homem.
A humanidade andou muito para aqui chegar. Por isso, basta compreender cada humano e, sobretudo, ter presente que cada pessoa tem o direito a ser feliz à sua maneira.
Por falar em compreensão, continuo sem entender o porquê das 465 corporações de bombeiros (dados Pordata) que existem em Portugal a maioria ser composta por bombeiros voluntários.
Chega a ser confrangedor explicar a um estrangeiro que escolheu Portugal para viver que no meu país os bombeiros são, regra geral, voluntários – homens e mulheres que arriscam a vida a troco de nada – ainda que sejam a primeira linha de proteção civil na maioria do território. Um território que, como sabemos, exige cada vez mais uma maior capacidade de intervenção, sem que o músculo esteja treinado para tal.
A promessa de trazer a legislação para a atualidade, de regulamentação da carreira de bombeiro profissional, remonta a 2007, quando José Sócrates era Primeiro-ministro. De então para cá passamos por um governo liderado pelo PSD e vários liderados pelo PS. Nada aconteceu. Será o governo PSD, liderado por Montenegro, capaz de abrir a gaveta “Bombeiros”?
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+ Montenegro estacionou ao centro, e bem.
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