É um dos imóveis mais cobiçados das Avenidas Novas e já tem destino. O edifício que estava planeado para acolher a sede da Sonangol em Portugal e que está inacabado há décadas apesar de estar localizado numa das artérias mais centrais da capital, vai finalmente ser concluído.
Localizado nos números 5 a 7 da Avenida da República, o imóvel, propriedade do fundo britânico Signal Capital Partners (que o comprou à empresa angolana por €30 milhões) já tem um novo projeto assinado pelo ateliê Saraiva + Associados, sendo a Reify, marca do grupo Sonae, a responsável pela coordenação do desenvolvimento do projeto – o edifício passará a ter um uso misto onde estão previstas as três componentes, a residencial, os escritórios e o retalho.
“Estamos neste momento a aguardar o licenciamento, por parte da autarquia, deste projeto que a Signal realmente quer fazer. Já lá está o betão todo executado, é um facto, mas da forma como foi feito não é o projeto que o promotor quer e portanto vai sofrer correções. Submetemos essas correções e estamos a aguardar o diferimento por parte da câmara de Lisboa para começar a executar a obra”, explicou à Visão Jorge Morgadinho, arquiteto e diretor-geral da Reify.
O imóvel foi adquirido pela Sonangol em 2009 à Augusta Sociedade Construções que iniciou a construção mas não terminou. A petrolífera angolana ainda reiniciou as obras mas estas acabariam por ser suspensas em meados de 2015, deixando o imóvel ainda por concluir.
Com uma área bruta de construção de cerca de 30.000 metros quadrados, o novo empreendimento vai destinar a maior fatia da sua área (11.416 m2) aos escritórios. O residencial absorve cerca de 2.400 m2 no total que estão distribuídos por 20 apartamentos de tipologias a variar entre o T0 e o T4.
Este é apenas um dos projetos entre cerca de uma dezena que a Reify tem entre mãos só no eixo entre a Avenida da República e o Campo Grande e onde se incluem, por exemplo, a nova residência de estudantes da Temprano, em Entrecampos e o Campo Novo, o mega-empreendimento da Norfin, um dos mais estruturantes de Lisboa que está a ser construído no terreno do antigo estádio do Sporting (a Reify desenhou os edifícios de escritórios).
A avançar em todos os segmentos, usando as competências consolidadas em 33 anos de existência, a Reify, recorde-se, resultou de um rebranding recente da empresa Sierra Development Services que ao longo das últimas três décadas assegurou a gestão e promoção de 300 projetos em todo o mundo. A necessidade de romper com uma colagem muito marcada ao universo Sonae Sierra e à construção centros comerciais, levou a empresa do universo Sonae a avançar para esta mudança de nome, como explicou Jorge Morgadinho.
“A criação desta marca foi mesmo uma necessidade. E porquê Reify? Este substantivo inglês significa transformar uma coisa abstrata numa coisa real, concreta, e é precisamente aquilo que nós fazemos – transformamos projetos em obras. Fazemos isto há mais de 30 anos, mas através da Sierra Development Services, mas este nome transmitia mensagens erradas para o mercado…”, conta o responsável, lembrando que quando se reunia com potenciais clientes, eles pensavam que a empresa só trabalhava para a Sonae Sierra. “Ora, isto não podia ser mais errado pois 90% da nossa faturação é com clientes fora do universo Sierra… A segunda ideia errada era de que só trabalhávamos em centros comerciais, só fazíamos retalho, quando a verdade é que temos uma experiência vasta, de vários anos, em diversos sectores como escritórios, residencial, hotéis, residências de estudantes (já fizemos três), residências senior (temos uma obra a decorrer na zona de Grândola), hospitais (fazemos atualmente parte da equipa que ganhou o novo Hospital Lisboa Oriental) e até estações de comboio (já desenhámos várias em Marrocos)”, detalha ainda o arquiteto.
Neste momento as obras feitas em mercado nacional (ainda que com capital maioritariamente estrangeiro) pesam cerca de 60% da faturação da Reify mas a marca está a apostar na consolidação da sua atividade além-fronteiras.
“O nosso plano de crescimento passa muito por outros países onde já estamos presentes como a Alemanha, Itália, Marrocos… Portugal é um país que não nos dá o potencial de crescimento que nós ambicionamos e precisamos”, admite Jorge Morgadinho.
Ao longo de mais de três décadas, a então Sierra Development Services foi desenvolvendo projetos (mais de 300) em vários pontos do mundo, uma aposta que se mantém.
“Temos diversificado muito, há uma grande dispersão geográfica mesmo… Por exemplo, atualmente temos contrato no Kosovo (Pristina) onde fizemos muitas obras, na Rússia e na Ucrânia (inclusivamente, fizemos um shopping na Ucrânia que inaugurou em junho do ano passado e que já foi bombardeado…); temos contratos no Perú; Norte de África,Tunísia, Argélia, Marrocos, na China, Brasil (estamos a fazer um resort em Porto Galinhas), entre outros …”, exemplifica o responsável da Reify.
À diversidade de projetos em diferentes segmentos e em destinos geográficos diversos, a Reify junta ainda a possibilidade de abarcar todas as áreas fundamentais para o lançamento e execução do projeto.
“Uma das bases estratégicas da Reify e das outras unidades de negócios da Sonae Sierra é conseguir posicionar-se junto a clientes internacionais como sendo o seu parceiro operacional, ou seja, ser alguém que fora da geografia desse parceiro, desse investidor, lhe resolve os problemas todos e lhe entrega o projeto acabado. Fazemos tudo – à exceção da construção, mas gerimos essa construção – e temos capacidade para assegurar todas as etapas, de A a Z, desde o lançamento do concurso de empreitada, à análise, adjudicação da obra e gestão até que esteja terminada. Inclusive, podemos ficar a geri-la. Seja um escritórios ou um super-condomínio (um complexo total de escritórios, residencial e zona comercial)”, remata ainda o diretor-geral da Reify.