O Reino do Pineal – a comunidade que, em julho de 2020, se instalou numa quinta rural, propriedade do futebolista dinamarquês Pione Sisto, em Seixo da Beira, município de Oliveira do Hospital, como revelou a VISÃO na sua edição desta semana – divulgou, ao início da noite desta terça-feira, uma carta dirigida à comunicação social, garantindo que “a intenção [da comunidade] não é de perturbar a paz, ou causar confusão e divisão”. “Não somos uma ameaça”, sublinham.
Nesta declaração, a seita liderada por Martin Junior Kenny – um ex-chefe de cozinha britânico, na casa dos 40 anos, que responde pelo nome de Água Akbal Pinheiro, depois de ter passado por aquilo que descreveu como “um despertar”, que o tornou num “líder” e “filósofo espiritual” – começa por “agradecer ao povo de Portugal” pelo acolhimento, nestes últimos três anos, mas dá ‘um passo atrás’ na pretensão de obter o reconhecimento da “autonomia”, pelo Estado português, daquele território. “Gostaríamos de deixar claro que não somos um movimento político, somos nómadas viajantes com uma vocação espiritual, atualmente a viver na embaixada na soberana República Portuguesa”, lê-se na nota.
Seita admite trocar Portugal por uma ilha
A polémica em torno da seita aumentou significativamente nas últimas horas, depois de ser revelado que Samsara – o terceiro filho do líder Água Akbal Pinheiro – morreu, sem assistência médica, com apenas 13 meses de idade, naquela quinta rural, como confirmou o próprio clã Pinheiro (líderes da seita) numa mensagem enviada à VISÃO. Os membros daquela comunidade cremaram o corpo da criança e lançaram as suas cinzas ao rio Mondego.
Na sequência desta revelação, o Ministério Público (MP) já está no terreno, com a abertura de um inquérito que corre, neste momento, no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Coimbra.
No comunicado, assinado “pela família Pinheiro e pela comunidade do Reino de Pineal”, a seita refere que está “aqui a viver em paz, cuidando respeitosamente da terra”, admitindo mesmo que a morada em Portugal pode ser apenas temporária, somente “até ao momento em que encontrarmos e estabelecermos uma casa permanente, talvez uma ilha”. “Quando chegar a altura, seguiremos em frente”, garante. Entretanto, tencionamos continuar a viver em confiança, de forma legal e pacífica, cuidando da terra onde estamos atualmente instalados”, refere ainda o documento.
A nota termina com o Reino do Pineal pedindo “gentilmente” o facto de o grupo “não ter sido acusado por ninguém de violar quaisquer leis”. “Tudo o que temos feito e continuamos a fazer é legal e respeita os costumes de Portugal. No interesse da saúde e da segurança das nossas mulheres e crianças da nossa comunidade, peço-vos que respeitem a nossa privacidade”, conclui a carta.
As próximas horas podem regressar novidades nesta novela.