Há dez anos, os participantes de alguns fóruns na internet publicavam posts sobre como abrandar o contador analógico da luz. Os tempos eram de austeridade, o que estimulava o (suposto) engenho: um íman em cima do aparelho ou uma agulha através da caixa transparente eram algumas das ideias partilhadas. Foi também há uma década que começou a investigação ao caso EDP, mais precisamente a 4 de outubro de 2012. Entretanto, os contadores analógicos foram substituídos pelos inteligentes, o processo, por sua vez, manteve-se em investigação e, a um mês da primeira acusação que racairá sobre a dupla Manuel Pinho e Ricardo Salgado, mais a mulher do primeiro, Alexandra Pinho, há uma nova suspeita sobre ambos: um decreto-lei que terá ajudado a empresa Águas do Vimeiro, uma sociedade que chegou a fazer parte do universo empresarial dos Espírito Santo, a expandir o seu negócio.
O caso remonta a 2009, mas só recentemente foi incorporado na investigação. Um email apreendido no processo do BES e transferido para os autos da EDP, revelou um pedido de António Salgado entretanto falecido em 2011, ao seu irmão, Ricardo, para que este entregasse um documento a Manuel Pinho, de cujo despacho do então ministro da Economia dependeria o “lançamento da nova Água do Vimeiro, ainda este verão”.
Ricardo Salgado
2012
Este ano marca o princípio do fim do antigo “Dono Disto Tudo”. O Ministério Público começou por ouvi-lo como testemunha no caso Monte Branco, mas ficou claro que já andava a ser investigado. Dois anos mais tarde, foi detido e constituído arguido.
2022
Ficou de fora da Operação Marquês, é certo, mas está cercado de processos-crime, um dos quais com uma condenação em primeira instância a seis anos de prisão, e é arguido no BES e EDP. Os reguladores, CMVM e Banco de Portugal, também conseguiram condenações nos processos de contraordenação.