O nome comprido – 2MASS J18082002-5104378 B – contrasta com o tamanho. A nova estrela é minúscula e tem características invulgares que a colocam nos primórdios da formação do universo: uma massa muito reduzida e muito pouco metal na sua composição, a que junta a sua localização no disco da Via Láctea em que se insere também o Sol. “Esta estrela é, talvez, uma em 10 milhões”, considera Kevin Schlaufman, professor assistente de Física e Astronomia na Universidade norte-americana Johns Hopkins, que assina a investigação publicada esta semana no The Astrophysical Journal.
Os astrónomos estimam que tenha cerca de 13,5 mil milhões de anos, o que os deixa a ponderar que a nossa galáxia pode ser, pelo menos, 3 mil milhões de anos mais velha do que se pensa.
Acredita-se que as primeiras estrelas do universo após o Big Bang fossem formadas inteiramente por elementos como hidrogénio, hélio e pequenas quantidades de lítio. Essas estrelas produziam depois, no seu núcleo, elementos mais pesados do que o hélio, que se espalhavam pelo universo à medida que iam explodindo em supernovas. A geração seguinte de estrelas já tinha mais conteúdo metálico e assim sucessivamente. É isto que faz com que a recém-descoberta estrela, com um conteúdo tão baixo de metal (o mais baixo de que há registo), esteja a ser encarada com tanto interesse.
Até aos anos 90, era convicção comum que só as estrelas massivas podias ter-se formado nos primeiros tempos do universo e que nunca poderiam ser observadas porque morriam rapidamente. Com o avanço da ciência e muitas simulações, os astrónomos começaram a perceber que era possível, em determinadas condições, que uma estrela desse período, com uma massa particularmente baixa, ainda existisse.