As previsões para 2050 são apocalíticas. No ano passado, a Organização Mundial de Saúde disse que a falta de medidas de combate a esta ameaça poderiam ter um custo de 10 milhões de vidas e 100 biliões de dólares até 2050. Num estudo, o investigador Jim O’Neill diz que, nesse ano, a resistência aos antibióticos matará mais do que o cancro. Outros dados revelam que, por essa mesma altura, uma pessoa a cada 3 segundos vai morrer devido a infeções resistentes a antibióticos. E a VISÃO ainda há poucas semanas altertou para o Perigo: As superbactérias fugiram dos hospitais.
Como vemos, não há falta de avisos dos especialistas. A resistência aos antibióticos surgiu antes de começarmos a tomá-los da forma frequente como fazemos hoje. Os genes resistentes aos antibióticos foram, inclusivamente, encontrados em bactérias congeladas datadas de 30 mil anos.
Já em 1946, quando descobriu a penicilina, Sir Alexander Fleming alertou para o grande problema da resistência dos antibióticos e para a necessidade de moderar o seu consumo.
Um dos grandes problemas que levou ao desenvolvimento da resistência prende-se, precisamente, com o facto da toma de antibióticos ter começado a ser cada vez mais frequente. A este excesso junta-se a má e incorreta prescrição destes medicamentos.
Que soluções existem?
Uma resposta aparentemente óbvia para este problema é encontrarem-se novos antibióticos. Mas não é assim tão simples. Para as empresas farmacêuticas a produção de antibióticos não é tão lucrativa como é, por exemplo, a produção de medicamentos para o colesterol – que podem ser tomados, diariamente, por vários anos – ou como a quimioterapia. Para além disso, os antibióticos representam um esforço científico e económico bastante elevado.
A solução mais importante para este problema é tão simples quanto parar de tomar antibióticos por tudo e por nada. Se existem doenças onde a sua toma é indispensável, também há casos em que não é absolutamente preciso.
No relatório chamado “The Review on Antimicrobial Resistance”, Jim O’Neill fez oito recomendações a David Cameron, na altura Primeiro-Ministro do Reino Unido, na tentativa de evitar este apocalipse.
1 – Consciencialização, não apenas da comunidade médica, mas dos cidadãos em geral, acerca dos riscos da toma excessiva de antibióticos;
2 – Criação de um fundo monetário para investigação nesta área;
3 – Melhor acesso a água potável, saneamento, e a hospitais limpos, no sentido de evitar infeções;
4 – Redução dos antibióticos usados na agricultura;
5 – Melhor vigilância da propagação da resistência aos medicamentos;
6 – Pagamento às empresas por cada nova descoberta de antibióticos;
7 – Incentivos financeiros ao desenvolvimento de novos testes para evitar que os antibióticos sejam administrados quando não funcionam;
8 – Promover o uso de vacinas e outras alternativas aos antibióticos.
“Se não agirmos, podemos enfrentar um cenário quase impensável em que os antibióticos já não funcionam e no qual somos lançados de volta ao tempo mais obscuro da medicina”, reconheceu, David Cameron.