“Bica” ou “cimbalino”. Chame-lhe o que quiser. O certo é que, num futuro próximo, vai ter o acordar mais dificultado e encarecido. É que as alterações climáticas ameaçam o seu cafezinho matinal.
Ameaça Global
Além do seu café matinal, as alterações climáticas ameaçam a subsistência de mais de 100 milhões de pessoas que vivem do cultivo do café.
Perdas
Apesar da subida do preço do café, as margens dos produtores encolhem. Muitos abandonam a atividade para se dedicar a culturas mais rentáveis.
€257 milhões
foi o valor do negócio do café em Portugal, em 2015. O dobro dos números registados seis anos antes. O setor já representa 5% da indústria alimentar, segundo um estudo da Nielsen.
Nós exportamos café!
Portugal exporta mais café torrado do que importa. Em 2015, comprou 7,6 toneladas ao exterior e vendeu dez. Uma parte substancial do café importado “verde” é processada em Portugal e reexportada, gerando uma receita de €64 milhões.
Calor que mata
Estudos recentes mostram que o aquecimento global reduzirá em 50% a área adequada ao cultivo. O calor favorece pragas como a ferrugem do cafeeiro e a broca do café, causadoras de danos avultados nas plantações.
7,5%
é a magra margem destinada aos produtores, num negócio que globalmente movimenta mais de €178 mil milhões anuais (quase o PIB português).
Migração?
Com o aquecimento, o cultivo poderia migrar para norte. Mas isso não ajudaria os atuais produtores e ameaçaria outros ecossistemas.
Desequilibrou-se o “mix”
As mudanças climáticas tornaram menos propícias as condições de cultivo em regiões onde até agora existiu o mix ideal de temperatura e humidade.
Concentração
Há 70 empresas a produzir café. A baixa rentabilidade e os prejuízos levarão ao desaparecimento de algumas. A concentração daí resultante significa menos escolha e café mais caro para os consumidores.
“Os produtores pequenos ficarão à margem. O mercado concentrar-se-á nas mãos de dois ou três grandes.”
Juan Esteban Orduz, presidente da Federação Colombiana de Café (ao Financial Times)