Segundo a Organização Mundial de Saúde, a depressão é “uma das perturbações mais incapacitantes do mundo”, afetanto 350 milhões de pessoas. Encontrar a cura para a doença nem sempre é fácil e é diferente para cada pessoa, dos medicamentos utilizados para tratar a depressão, apenas 20% permitem a remissão total da mesma. No entanto, investigadores no Imperial College of London acreditam que a psilocibina, um componente presente em cogumelos alucinogénios, pode vir a ser um tratamento eficaz para doentes com depressão profunda.
O estudo, publicado na revista científica The Lancet Psychiatry, foi composto por um grupo de 12 pessoas com depressão há, em média, 18 anos e que já tinham tentado, sem resultados, pelo menos dois tratamentos diferentes. Todos os participantes foram voluntários e escolhidos meticulosamente. Qualquer pessoa com histórico de tentativa de suicídio, psicose ou dependência de drogas estava impedida de participar no estudo.
Aos participantes foram dadas duas doses do alucinogénio – uma de 10mg e outra de 25mg – com 7 dias de intervalo. Cada paciente ingeriu uma quantidade equivalente a cinco cogumelos durante as sessões, o que causa no mínimo 6 horas de alucinações. Os participantes receberam apoio psicológico durante a sua “viagem psicadélica” e foram monitorizados para prevenir que a substância causasse danos cerebrais. Oito dos doze participantes entraram em remissão apenas uma semana após as sessões e cinco estiveram 3 meses sem qualquer sinal de depressão. “Não há mais nada – além da terapia eletroconvulsiva – que tenha um efeito tão profundo na doença”, disse o professor David Nutt, co-autor do estudo, ao jornal The Telegraph . Outro aspeto positivo do uso da psilocibina no tratamento da depressão é que faz efeito com apenas uma dose, ao contrário dos outros medicamentos que têm que ser tomados diariamente.
Os autores do estudo avisam que não se devem consumir cogumelos alucinogénicos por iniciativa própria. “As drogas psicadélicas têm efeitos fortes e só são fornecidas na nossa investigação quando estão estabelecidas as precauções necessárias, tais como a supervisão cuidada e o apoio terapêutico profissional”, advertiu Robin Cahart-Harris, responsável pela investigação.
Por ser considerada uma droga de classe 1 no Reino Unido, foram necessários três anos para obter todas as permissões para conduzir o estudo e custou quase 2000€ por cada paciente. Os investigadores esperam que os resultados positivos deste estudo possam abrir portas para novas investigações na área.
Em Portugal, 400 mil pessoas sofrem de depressão por ano, sendo o segundo país com maior índice da doença na Europa. Um terço dos portugueses afetados não recebe qualquer tipo de ajuda ou tratamento. Segundo a Aliança Europeia Contra a Depressão, um médico de família diagnostica um doente com depressão a cada cinco consultas.