Apesar dos pesares que Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa possam ter causado um ao outro, nos oito anos que já levam de convivência institucional, os tempos que se seguirão à ida às urnas, a 10 de março, podem traduzir-se numa relação muito mais tensa entre Belém e São Bento, do que aquela a que se assistiu desde a conquista da maioria absoluta pelo PS, em janeiro de 2022. O problema nem estará tanto nos defeitos, mas no feitio de quem sair vencedor das eleições legislativas. Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro não só estão muito aquém da proximidade que Marcelo mantém com Costa há muito – basta dizer que um foi professor do outro –, e nada aponta para que pensem em mudar esse estado de alma, como deram sinais de que não gostam do estilo presidencial que se instalou no Palácio de Belém, a partir de 2016.
Ainda que o líder do PSD até possa levar uma ligeira vantagem sobre o socialista, fruto de uma tentativa de aproximação que fez a Marcelo no primeiro mandato presidencial, não existem grandes diferenças relativamente a Pedro Nuno. E há duas fortes razões: a geometria política para a qual as sondagens apontam [com um PS a ganhar mas com a direita em maioria, desde que na equação se conte com o Chega] e as conhecidas alfinetadas dadas por Montenegro ao Chefe de Estado, desde que Belém começou a fazer questão de reivindicar para si parte do sucesso e do prestígio que a Gerigonça alcançou.