“Em 1998, quando dei aulas aos oficiais da PSP, na Escola Superior de Polícia, já havia uma cadeira de Direitos Fundamentais, o que não acontecia noutros lados”, garante, à VISÃO, a ex-ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, para ilustrar a preocupação com a formação nos valores democráticos dos agentes da autoridade, “mas não existe um setor imune ao radicalismo.” Por isso, para a ex-deputada do PS, que é também docente a investigadora, a triagem impõe-se: “Não há lugar para racistas, xenófobos e extremistas nas forças de segurança. Nem que fosse só um caso, isso já era grave.”
O atual titular da pasta, José Luís Carneiro, não quis pronunciar-se sobre o tema destas páginas. Manuel Magina da Silva, diretor nacional da PSP, atesta práticas internas da PSP fiéis aos direitos fundamentais, “não pactuando com qualquer tipo de extremismo ou radicalismo”. Rui Clero, comandante-geral da GNR, acentua: “As práticas de ações contrárias à moral pública, ao brio e ao decoro devem ser prevenidas, combatidas e denunciadas, em especial as abusivas e discriminatórias.” Este tenente-general aponta ainda práticas internas de inclusão e de combate à discriminação, e apela à “denúncia” de comportamentos dos guardas “que não se enquadrem com os direitos previstos constitucionalmente, contrários à lei e/ou que configurem uma violação dos deveres deontológicos inerentes à condição militar e policial”.