A cinco dias de deixar de ser presidente do grupo parlamentar do PSD, Hugo Soares sugeriu este sábado, no 37.º Congresso, que o partido avance com uma proposta de referendo sobre a eutanásia. A ideia surge numa altura em que o BE e o PAN já apresentaram projetos de lei sobre a morte medicamente assistida e o PS e o PEV já prometeram diplomas sobre o assunto.
A tese do líder cessante da bancada social-democrata, que há quatro anos colecionou muitos ódios por ter sido o pivô de uma proposta de consulta popular acerca da coadoção de crianças por casais do mesmo sexo, assenta no facto de o PSD não ter “legitimidade” para assumir uma posição sobre a eutanásia, uma vez que não escreveu uma única linha sobre o assunto no programa eleitoral que apresentou aos portugueses em 2015.
Na mesma intervenção, Hugo Soares desafiou Rui Rio a propor uma comissão parlamentar de inquérito às adoções ilegais de crianças no seio da IURD, reveladas por uma investigação da TVI. Isto porque, notou, as investigações da Assembleia da República não devem servir apenas para perceber “o que falhou no sistema financeiro”.
Num registo que soou a despedida, Hugo Soares reafirmou a sua lealdade ao sucessor de Passos Coelho e fez questão de deixar claro que ele e Rui Rio “nunca” se desentenderam na gestão da sua substiuição. No entanto, voltou a pressionar o líder do PSD a votar contra o Orçamento do Estado para 2019, o último da legislatura, porque, justificou, não é possível “acreditar” que António Costa execute o Orçamento que apresentar na Assembleia da República.