A chefe da diplomacia belga, Hadja Lahbib, indicou que “a viabilidade” desta proposta de financiamento plurianual apresentada pelo secretário-geral da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental), Jens Stoltenberg, será analisada na reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da Aliança Atlântica, que decorre hoje e quinta-feira na sua sede, em Bruxelas.
Nela se prevê que os aliados discutam como distribuir e como contribuir para esse montante, uma vez que se propõe que tal seja feito de forma proporcional, com base no Produto Interno Bruto (PIB) de cada Estado-membro.
“Não se trata de caridade, mas de um investimento para nossa própria proteção”, asseverou Lahbib, que defendeu também que se deve “evitar duplicações”, com outros financiamentos semelhantes, como os que já foram aprovados no âmbito da União Europeia (UE).
Nesta advertência, secundou o homólogo espanhol, José Manuel Albares, que manifestou disponibilidade para equacionar a criação de um fundo da NATO, mas sustentou que “o que não deve ser feito em circunstância alguma é duplicar esforços”.
“Não devemos duplicar na NATO o que a União Europeia está a fazer”, insistiu, uma vez que “são organizações diferentes, com objetivos diferentes”.
Por seu lado, os chefes da diplomacia da Polónia, Radoslaw Sikorski, e do Canadá, Mélanie Joly, expressaram apoio aos “esforços e ideias” apresentados pelo secretário-geral da Aliança, recordando também a ajuda que os respetivos países enviaram para a Ucrânia a nível bilateral.
Na mesma linha, o homólogo letão, Krijanis Karins, afirmou tratar-se de uma proposta “muito boa”.
“Se cada Estado-membro contribuir com 0,25% do seu PIB por ano, teremos 120.000 milhões de euros para ajuda militar”, indicou, por sua vez, o MNE estónio, Margus Tsahkna, utilizando como referência a contribuição do seu próprio país, para salientar que tal quantia seria “suficiente” para a Ucrânia expulsar as tropas russas e conseguir ganhar a guerra.
“Temos todo o dinheiro do mundo. É a forma mais barata e eficaz de ajudar a Ucrânia”, observou.
Em termos semelhantes se pronunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Cameron, que exortou os aliados a “darem um passo em frente” e “gastarem mais em defesa perante a continuação da agressão russa”.
“Com a Ucrânia mais próxima que nunca da NATO, devemos manter o apoio fundamental de que a Ucrânia necessita para ganhar a guerra”, sublinhou.
Também o homólogo grego, Giorgos Gerapetritis, reconheceu a necessidade de “criar fórmulas permanentes para continuar a apoiar a Ucrânia contra a agressão russa”, ao mesmo tempo que apelou para que se acompanhe como evolui a situação na Faixa de Gaza e, especialmente, os seus “efeitos indiretos” na vizinhança do sul, uma vez que as consequências do conflito são “questões de enorme importância”.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991, após a desagregação da antiga União Soviética, e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, mas não conheceu avanços significativos no teatro de operações nos últimos meses, mantendo-se os dois beligerantes irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.
Os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, enquanto as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontam-se com falta de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais.
ANC // SCA