A notícia é avançada pelo The New York Times, que teve acesso a imagens de videovigilância. Jair Bolsonaro, ex-presidente brasileiro, terá passado duas noites na embaixada da Hungria, no Brasil, depois de lhe terem confiscado o passaporte.
As imagens, que remontam a dia 12 de fevereiro, mostram o antigo habitante do Palácio do Planalto à espera para entrar no edifício da Embaixada, onde terá ficado até dia 14 de fevereiro, junto com o Embaixador e com Diplomatas daquele país europeu.
O caso deu-se quatro dias depois de a Polícia Federal lhe ter confiscado o passaporte e de ter detido dois antigos assessores de Jair Bolsonaro, acusados de planearem um golpe de Estado contra o Governo de Lula da Silva, após as eleições de 2022, que marcaram o regresso do Partido dos Trabalhadores ao poder.
De acordo com a lei do Brasil, estando numa embaixada estrangeira Bolsonaro não poderia ser preso, uma vez que estaria fora dos limites das autoridades nacionais. Esta decisão, de acordo com o The New York Times, poderia ser uma forma de o Presidente fugir ao sistema judicial brasileiro, aproveitando-se da amizade com o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán. Mas Jair Bolsonaro já veio desmentir a relação, ainda que tenha confirmado a veracidade das imagens. As mesmas que mostram que foram transportados bens como roupas de cama e máquinas de café para o recinto da Embaixada, onde geralmente são recebidas as visitas.
“Não vou negar que estive na Embaixada, sim. Não vou falar onde mais estive. Mantenho um círculo de amizade com alguns chefes de Estado pelo mundo. Estão preocupados. Eu converso com eles assuntos do interesse do nosso país. E ponto final. O resto é especulação”, disse ao site Metrópoles.
O advogado Paulo Cunha Bueno, em comunicado citado pelo “The New York Times”, afirmou que o Presidente esteve somente a discutir política com os diplomatas durante este tempo. “Quaisquer outras interpretações são, claramente, obras de ficção. Na prática, apenas mais uma notícia falsa”, diz.
Entretanto, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, deu a Jair Bolsonaro 48 horas para explicar a sua presença naquela Embaixada. Recorde-se que Moraes é relator dos inquéritos do Supremo Tribunal Federal que visam o ex-presidente e os seus aliados no caso do alegado golpe de Estado contra o Governo de Lula da Silva – aquele que, em janeiro de 2023, tomou forma na invasão da Praça dos Três Poderes, em Brasília.
A Polícia Federal brasileira também já revelou à imprensa daquele país que está a investigar as movimentações de Bolsonaro.
Se o antigo presidente estava apenas a discutir política nacional com omembros do corpo diplomárico húngaro é o que está para ser provado. Facto é que o presidente da Hungria e o antigo presidente brasileiro mantêm uma relação próxima – Bolsonaro chegou até a chamar Orbán de “irmão” durante uma visita à Hungria, em 2022. No passado mês de dezembro, na tomada de posse do novo Presidente da Argentina, Orbán apelidou Bolsonaro de “herói”.