Promovidas no âmbito do projeto luso-timorense FOCO-UNTL e em articulação com a Embaixada de Portugal na capital timorense, a 8.ª edição das jornadas visam promover a pesquisa científica e divulgar a língua portuguesa tanto no contexto da UNTL como junto do público em geral.
A edição deste ano, subordinada ao tema “A língua portuguesa como instrumento de acesso ao conhecimento”, reúne um conjunto de especialistas que analisarão temas relacionados com os vários aspetos da língua portuguesa em Timor-Leste.
As jornadas são, anualmente, uma oportunidade para especialistas analisaram experiências, métodos e estratégias para tornar mais eficaz o ensino do português em Timor-Leste, onde ainda se depara com dificuldades de vária ordem.
Intervindo no arranque das jornadas, o reitor da UNTL disse que a ligação timorense ao português “tem mais de 500 anos”, com os fundadores de Timor-Leste a usarem essa língua para “o nome do país, para a declaração da proclamação da independência e para o hino nacional”.
“Por isso é obrigação e responsabilidade de todos os timorenses aprenderem e celebrarem esta nossa língua”, afirmou João Soares Martins.
A ministra da Educação, que assumiu funções em julho, disse que o seu mandato “será dedicado a garantir a aprendizagem da língua portuguesa pelos filhos timorenses, nas cidades, mas também nas zonas mais remotas”.
Dulce Soares sublinhou que a língua portuguesa “é um fio condutor de acesso a diferentes portas do conhecimento”, o que confirma, por isso, a sua importância no contexto de Timor-Leste.
O ministro do Ensino Superior, Ciência e Cultura, José Onório Pereira, desafiou a UNTL a “continuar a investir na formação de professores em português e no ensino da língua”, fomentando ao mesmo tempo “mais pesquisa e investigação académica” que fortaleça a riqueza da língua e cultura do país.
A embaixadora de Portugal em Timor-Leste disse que as jornadas são sinal do crescente trabalho científico em língua portuguesa, destacando o debate de abertura, um “manifesto em defesa da língua portuguesa”, para que “a língua de cultura possa ser também uma língua de ciência”.
Manuela Bairos disse que a língua portuguesa “é uma língua de convívio” com outras línguas, que se tornou parte do património de Timor-Leste e que “testemunha a diferença e a diversidade” dos contextos onde é utilizada.
O vice-decano da UNTL e responsável do projeto FOCO disse que o ensino da língua portuguesa em Timor-Leste continua a enfrentar grandes desafios, incluindo a perceção de que o poliglotismo é comum em Timor-Leste, quando muitos dos timorenses “não falam bem, escrevem bem ou trabalham bem” com nenhuma das línguas.
Samuel Venâncio Freitas referiu-se ainda ao fortalecimento do “sentido de pertença”, para ajudar a que os timorenses “sintam a língua portuguesa como sua”, e na necessidade de apostar na maior eficácia do seu ensino.
O decano da Faculdade de Educação, Artes e Humanidades da UNTL recordou o papel histórico do português em Timor-Leste, incluindo como instrumento da luta contra a ocupação, e vincou que é necessário fortalecer o seu ensino.
“Vai ser obrigatório que todos os professores e alunos desta faculdade participem num curso obrigatório de língua portuguesa. Todos os candidatos a estudar nesta faculdade terão que ter passado por esse curso”, referiu Teodoro Soares.
“Assim, esperamos, produziremos professores não apenas com um conhecimento sólido de ciência, mas com um conhecimento profundo e sólido da língua portuguesa”, disse.
A diretora do Centro de Língua Portuguesa da UNTL, Sabina Fonseca, recordou que as jornadas simbolizam um esforço, “apesar das condições menos favoráveis” para o sucesso do ensino da língua portuguesa, procurando fortalecer a capacitação dos recursos humanos do país.
O programa de dois dias inclui apresentações sobre temas tão diversos como o contributo da inteligência artificial na investigação académica ou a importância das histórias infantis no contexto da aprendizagem em Timor-Leste.
Português como língua não materna, a sustentabilidade do projeto das escolas Centros de Aprendizagem e Formação Escolar (CAFE), uma iniciativa luso-timorense, e vários aspetos do ensino e aprendizagem da língua portuguesa no contexto de Timor-Leste são outros temas em análise.
As jornadas terminam com a apresentação de um livro com todas as intervenções apresentadas nos debates.
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