O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, anunciou que o seu país não concederá vistos aos dirigentes chineses responsáveis pelo sistema de internatos para onde são enviadas à força crianças do Tibete separadas das respetivas famílias.
Esta decisão inscreve-se no âmbito de uma série de medidas dirigidas à China adotadas pelos Estados Unidos, apesar da recente retomada do diálogo entre altos representantes das duas potências.
As políticas levadas a cabo por Pequim “visam eliminar as próprias tradições linguísticas, culturais e religiosas do Tibete entre as mais jovens gerações de tibetanos”, sublinhou Blinken num comunicado.
“Exortamos as autoridades chinesas a pararem de enviar à força crianças tibetanas para internatos geridos pelo Estado e a porem fim às políticas de assimilação forçada no Tibete e noutros pontos da China”, acrescentou.
Desde 2021, os Estados Unidos acusam a China de genocídio dos uigures na província de Xinjiang, no noroeste do país.
As autoridades norte-americanas, bem como testemunhas e organizações de defesa dos direitos humanos afirmam que muitos membros dessa minoria são submetidos a trabalho forçado e internados em campos.
A proibição de vistos hoje imposta aplicar-se-á aos antigos e atuais responsáveis envolvidos na política chinesa no Tibete, indicou um porta-voz do Departamento de Estado, sem fornecer mais pormenores.
No seu comunicado, o chefe da diplomacia norte-americana destacou o trabalho de relatores especiais da ONU que concluíram em fevereiro que cerca de um milhão de crianças tibetanas tinham sido separadas das famílias e submetidas a um processo de “reeducação” em internatos estatais.
Esse programa parece ter sido concebido para integrar à força os jovens tibetanos na maioritária cultura Han, de acordo com esses especialistas.
Nos internatos, são obrigados a aprender em chinês mandarim e não estudam a língua, a história e a cultura tibetanas.
Em abril, outros peritos da ONU acusaram a China de obrigar centenas de milhares de tibetanos a participar em programas de “formação profissional” que ameaçam a identidade tibetana e podem levar a trabalhos forçados.
O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou que esse relatório não tinha “qualquer fundamento”.
O Tibete é administrado com punho de ferro pela China desde os anos 1950. Muitos tibetanos no exílio a acusam de medidas repressivas e tortura, garantindo que está a tentar apagar a sua cultura.
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