Os ataques frequentes à livre circulação de pessoas dentro da União Europeia precisam de uma resposta em forma de lição. O encerramento das fronteiras comunitárias, durante 24 horas, pode ser uma maneira dos cidadãos e dos próprios governos refletirem sobre as vantagens do espaço Schengen. A ideia foi lançada pelo primeiro-ministro luxemburguês, Xavier Bettel, a uma semana da cimeira de líderes europeus em Bruxelas.
“Fechar as fronteiras durante um dia mostraria às pessoas o que custa esperar duas horas para entrar em Itália ou Espanha, haver controlos em todo o lado, bloquear todas interações”, disse Battel, em conferência em Paris. “Um dia. Para as pessoas verem o que significa ficar fora da Europa. Seria bom para as pessoas perceberem”, continuou.
O recado seguiu direto para o Reino Unido – que não faz parte do espaço Schengen, mas está obrigado à livre circulação de pessoas por estar dentro do mercado único -, mas não só. Nos últimos meses, à medida que a crise dos refugiados se agravava, vários Estados europeus não só suspenderam, por alguns períodos, o acordo Schengen, como defenderam novas regras para limitar a circulação dentro do espaço europeu. O chamado “turismo social” justificou também a criação de um novo quadro regulatório para o acesso de migrantes europeus à Segurança Social de países prósperos, como a Alemanha.
O dossier continua a ganhar dimensão depois do recente ataque da primeira-ministra britânica à imigração – através do registo de estrangeiros em empresas britânicas ou da nacionalidade dos estudantes para o censo escolar. Theresa May tem como objetivo travar a fundo na entrada de imigrantes no país, dos atuais 330 mil migrantes líquidos para menos de cem mil.
O Reino Unido “antes queria estar dentro da UE e ter muitas cláusulas de exceção, agora quer ficar fora e manter muitas cláusulas de inclusão. Não estamos no Facebook onde existe o estatuto ‘é complicado’”, disse Bettel.