A prática de utilização de esquemas e truques, muitos deles alicerçados na lei, para ocultar grandes fortunas ganhou uma nova dimensão com o surgimento dos grandes devedores da banca. Milionários que fazem vidas públicas sumptuosas, apenas possíveis para uma determinada elite, dizem não ter posses e que vivem com uma pensão de pouco mais de dois mil euros. Através de paraísos fiscais, participações cruzadas de empresas, criação de fundações, com o recurso aos chamados testas de ferro e, até, com divórcios de fachada, muitos milionários têm conseguido deixar de ter a posse do património mas não o seu usufruto.
Ainda recentemente, o empresário Bernardo Moniz da Maia, com uma dívida de 505 milhões de euros ao Novo Banco, afirmou na Assembleia da República não ter património pessoal. Ao longo dessa audição, viria a confirmar-se a existência de uma série de empresas em paraísos fiscais, nos quais a família concentrava todos os bens e a gestão de vários negócios, nomeadamente através de duas fundações. No entanto, declarou que nem sabia as suas designações nem os nomes dos administradores que as representavam.