Mais de 500 ilhas gregas, das cerca de 6 mil que a Grécia possui, serão colocadas à venda, nos próximos meses, pelo governo de Aléxis Tsípras, numa privatização sem precedentes de 71 mil ativos do estado. A lista de bens a privatizar, que inclui ainda 16 mil quilómetros de costa, poderá ser consultada online, no site do fundo especialmente criado para o efeito.
Atualmente, no portefólio do Hellenic Republic Asset Development Fund, já se encontram empresas públicas como os correios, a companhia do gás, a grande distribuidora de combustíveis e a elétrica pública, que produz 80% das necessidades do país. Além de uma série de portos e marinas, bem como de fornecedoras de água em diversas regiões.
Mas a lista não se limita a empresas a privatizar ou a infraestruturas a concessionar a privados. O portefólio inclui também uma série de ativos como hotéis de charme, campos de golfe e estádios, termas, castelos e até propriedades em Plaka, bairro histórico de Atenas, situado no sopé de uma das encostas da Acrópole.
Tal como aconteceu em Portugal, nos pontos centrais das condições que a troika impôs à Grécia estão diversas privatizações de bens públicos. Mas, enquanto o nosso País superou as expetativas (angariando um total de 9 mil milhões de euros com as privatizações), a Grécia, desde 2010, não passou dos 3,5 mil milhões. Um número bem distante dos €50 mil milhões esperados.
Até à data, a Grécia já teve três resgates, no valor total de 250 mil milhões de euros. A sua dívida pública atinge os 321 mil milhões de euros, o que equivale a 180% do PIB. Muitos analistas – e o próprio FMI, que não participa neste terceiro resgate – consideram-na insustentável.
Na semana passada, e depois de nove meses de negociações, o Eurogrupo aprovou a primeira revisão ao terceiro resgate e anunciou que a Grécia iria receber mais 7,5 milhões de euros já em junho. Os restantes €2,8 mil milhões, dos €10,3 mil milhões aprovados, deverão chegar nos final do verão.
No entanto, já esta semana, o país parece ter recuado no acordo (que incluía mais medidas de austeridade relativas às pensões e às privatizações). O ministro das Finanças grego, Euclid Tsakalotos, numa carta enviada aos credores e citada pela agência Reuters, avisa de que o país não irá conseguir cumprir com algumas das medidas acordadas.