
Custou (e muito), mas foi! Portugal entrou a ganhar no Euro2024, batendo a República Checa por 2-1, num jogo em que foi, sem dúvida, a melhor equipa, que mais procurou e mereceu a vitória, mas na qual se colocou a jeito e esteve à beira de perder. Valeu a sorte e a estrelinha de um treinador que, parecendo ter errado no onze inicial, acabou por ver compensada a decisão de fazer entrar em campo, no minuto 90, dois dos jogadores cuja convocatória mais críticas tinha motivado. Percebeu-se, esta noite, em Leipzig, a vantagem de poder contar com “espalha-brasas”.
Ainda estamos para perceber porque razão o selecionador nacional decidiu jogar com um lateral esquerdo (Nuno Mendes) como terceiro central e um lateral-direito (João Cancelo) como lateral-esquerdo. Se a ideia era que um deles pudesse descair para a zona central do meio-campo quando a equipa estivesse em possa de bola, talvez tivesse sido melhor entrar logo de início com mais um jogador no meio campo. Mas isso sou eu a pensar, que não percebo nada de bola. A verdade é que, como o onze escolhido por Martinez, a equipa dominou o jogo e assumiu as despesas do jogo, fruto também da estratégia de um adversário nunca quis pegar no jogo e optou sempre por esperar um erro do adversário. Foi o que acabou por acontecer na segunda parte, quando uma bola perdido à entrada da área permitiu aos checos fazer o golo, numa altura em que o guarda-redes Diogo Costa não fizera uma única defesa (e não fez mais nenhuma até ao apito final) e em que a defesa portuguesa pouco ou nada tinha sido testada.
Numa partida em que Vitinha foi o melhor em campo e deixou clara a razão pela qual foi primeira opção de Martinez, muitos jogadores estiveram muitos furos a baixo do esperado. Pede-se muito mais a Bruno Fernandes e Bernardo Silva, por exemplo, mas também a Rafael Leão, Diogo Dalot e João Cancelo. Os defesas centrais (os três que entraram de início e Gonçalo Inácio que entrou depois) estiveram bem, tal como Cristiano Ronaldo, que se movimentou bem e esteve perto de marcar. Nuno Mendes melhorou muito quando passou a jogar no seu lugar habitual (foi ele que cabeceou para o autogolo que deu o empate a Portugal) e Diogo Jota entrou bem a agitar o jogo, tendo mesmo chegado a marcar um golo que foi anulado por um fora-de-jogo milimétrico de Ronaldo. Mas quem merece todos os elogios são os dois jogadores que, tocando apenas uma vez na bola, acabaram por construir o golo da vitória. Pedro Neto e Francisco Conceição, duas das opções de Roberto Martinez para este Europeu mais contestadas, entraram ao minuto 90 para fazer um golo que, mesmo caindo do céu, conferiu inteira justiça a uma vitória que esteve quase para não acontecer.
Pela frente há ainda muito campeonato e Portugal tem tudo para acreditar no apuramento para a fase a eliminar. No próximo sábado terá pela frente a Turquia, que esta tarde venceu Geórgia por 3-1. Um jogo que pode, em caso de vitória de Portugal, garantir já a qualificação para os oitavos-de-final. É com isso em mente que a Seleção Nacional terá de entrar em campo. Com esse pensamento e, provavelmente, mais arrumada em campo, com os jogadores nas suas posições certas e sem confiar apenas em “espalha-brasas”.