No primeiro dia da sua visita ao Rio de Janeiro, Marcelo Rebelo de Sousa deixou bem vincado que a sua “presidência de afectos” também atravessa o Atlântico, mesmo numa deslocação não oficial: classificou, repetidamente, o Brasil como “grande potência”, manifestou a sua crença no “grande sucesso” dos Jogos Olímpicos e frisou que “não é possível ser-se mais luso-brasileiro” do que ele.
A cerimónia era simples e consistia em entregar a bandeira nacional ao chefe da comitiva portuguesa aos Jogos Olímpicos, José Garcia, e ao seu porta-estandarte durante a cerimónia de abertura, o velejador João Rodrigues, depois de ela ter sido transportada a bordo do navio-escola Sagres, durante 39 dias de navegação entre os dois lados do Atlântico. Mas Marcelo transformou-a numa espécie de declaração de apoio ao Brasil, numa altura em que o mundo tem as atenções concentradas no maior país da América do Sul e, em particular, nos seus problemas, carências e falhas de organização. No convés da Sagres, acompanhado do comandante do navio-escola e do presidente do Comité Olímpico de Portugal, Marcelo só teve palavras para o “mais do que irmão” Brasil, que disse estar a “viver um momento único e irrepetível”.
“O Brasil superou as expectativas, superou as dúvidas, está a acolher delegações de todo o mundo e a transformar estas Olimpíadas num momento único”, disse.
No convés daquela que será a Casa de Portugal, durante os Jogos do Rio, no cais da Ilha das Cobras, Marcelo disse que “neste momento, a relação entre Portugal e o Brasil não podia ser melhor”. E sublinhou que o facto de “ter sido possível realizar os primeiros jogos olímpicos num país que fala português” é “um hino à língua que nos une”.
E explicou a sua relação especial com o país que se encontra agora a visitar: “Não há uma geração na minha família que não tenha vivido no Brasil. O meuavô, os meus pais e o meu irmão viveram no Brasil. O meu filho vive no Brasil, todos os meus netos vivem no Brasil. Tenho quatro netos portugueses que são descendentes directos do rei D. João VI, que foi tão importante na construção do Brasil. E tenho uma neta brasileira. Não é possível ser-se mais luso-brasileiro”.
Marcelo Rebelo de Sousa vai continuar no Rio nos próximos dias em modo olímpico: quinta-feira, 4, assiste ao Portugal-Argentina em futebol e no dia seguinte, sexta-feira, 5, será um dos muitos chefes de Estado que estará no Maracanã para assistir à cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos. De certo, com um afecto especial.