A “nossa” lebre e a “nossa” víbora ibérica ainda não aparecem na Photo Ark, de Joel Sartore, mas já foram fotografadas em Portugal. Em breve, poderão juntar-se a formigas, pandas, elefantes, serpentes, raposas ou ao macaco mandril, de olhar reguila e mão a cobrir a boca, fotografado na Guiné Equatorial. É por este último que começa a viagem ao mundo das espécies mais ameaçadas da terra, na Galeria da Biodiversidade – Centro de Ciência Viva, que integra o Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto, na exposição de 45 fotografias, infografias e vídeos que pode ser vista até 29 de abril de 2018.
Desde 2006, já lá vão 12 anos de projeto. O fotógrafo da National Geographic já fez o retrato a mais de sete mil espécies. O objetivo de Joel Sartore é documentar 12 mil animais. Nesta nova Arca de Noé, mostra-se o que ainda é possível salvar.
O olhar, a atitude e a expressividade com que cada espécie se vê ao espelho, na objetiva, é surpreendente. “Estão a olhar para mim ou a ver o seu reflexo na lente. Eles veem-se e é bom porque queremos esse contacto visual para que o público veja que estes animais são inteligentes e têm o direito de existir tal como nós”, explicou Joel Sartore durante a visita de apresentação aos jornalistas.
Sejam mais recatados ou exibicionistas, mais agitados ou curiosos, todos pertencem a espécies em perigo que Joel Sartore reuniu neste projeto, missão e causa, para nos encantar com a biodiversidade do planeta e fazer tudo para a proteger. “Ainda não há pessoas suficientes a interessar-se, temos de fazer com que seja tão importante como o futebol”, defende.
O objetivo do projeto não sofreu qualquer alteração desde que iniciou esta missão, há mais de uma década. Por isso, continua a desafiar o público a olhar as espécies em vias de extinção. “Temos de pensar mais na forma como interagimos com a natureza, no que consumimos, no tamanho do nosso carro. Enquanto estes animais estiverem bem nós também estamos, se os perdermos, arriscamos a nossa própria sobrevivência”, afirma Joel Sartore.
Todas as sessões foram feitas em estúdio, em ambiente controlado, e apresentam-se em fundo branco ou negro, com os animais a olharem-nos diretamente. Sempre com a mesma escala, apesar da grande diversidade e do tamanho dos animais, todos recebem o mesmo destaque. A terminar a visita, Joel Sartore reforça que a preservação da vida selvagem e da biodiversidade do planeta depende de cada um de nós. O risco é real e calcula-se que, até 2100, metade das espécies atuais possa desaparecer. A não ser que cada um de nós faça alguma coisa, “por mais pequena que possa parecer, tem influência”. É um apelo global ao preservar das espécies que devem continuar a ser parte do nosso mundo.
Photo Ark > Galeria da Biodiversidade > Casa Andresen, Jardim Botânico do Porto, R. do Campo Alegre, 1191, Porto > ter-dom 10h-18h > €2,50 a €5
Veja neste vídeo como foram fotografados, por Joel Sartore, os animais em vias de extinção