Episódio 7 de 10 e a primeira temporada de House of the Dragon convence, mesmo sem o efeito surpresa de A Guerra dos Tronos. Ou sem aquelas personagens cheias de sentido de humor que nos deixavam respirar entre a violência e o drama (e não, o príncipe Aegon não tem piada nenhuma, é só patético).
Tudo se passa em Driftmark (Derivamarca, casa da família Velaryon) durante o enterro de Laena. E Daemon está viúvo pela segunda vez, embora desta de forma involuntária. O cenário é lindíssimo e situa-se em Inglaterra, no castelo de St Michael’s Mount. Recordamos que esta temporada teve também filmagens em Portugal (Monsanto é Pedra do Dragão, casa da família Targaryen) e em Espanha (Cáceres é Porto Real, a capital dos sete reinos).
Os miúdos estão no centro da trama. O sofrimento das filhas de Laena e Daemon, que acabaram de enterrar a mãe (na verdade ela vai para o fundo do mar); o sofrimento dos filhos bastardos de Rhaenyra, que acabaram de perder o pai e nem podem fazer o luto; a inadequação dos filhos de Viserys: Aegon é um bêbado, Helaena mostra já a sua faceta de loucura, Aemond é um Targaryen sem dragão.
E é Aemond quem vira o jogo, enchendo-se de coragem e “roubando” Vhagar, o dragão que fora de Laena. Vhagar é um dragão fêmea portentoso e histórico. Durante a conquista de Westeros por Aegon I, mais de um século antes do enredo que vemos em Casa do Dragão, quem o montou foi Visenya, irmã e mulher de Aegon, rainha guerreira a quem a conquista muito deve.
Aemond ganha o bicho mas perde um olho depois de uma luta com os primos, a quem chama de “bastardos”. E esse ato violento é levado à sala de estar onde a mãe do rapaz, a rainha Alicent, exige que o responsável pela agressão, Lucerys, filho de Rhaenyra, seja também mutilado. E, perante a condescendência do rei para com os netos e a filha, perde a cabeça e ataca a enteada com uma faca. Coisas de família…
Mas é ali que o que toda a gente sabe é dito com todas as letras: os meninos são bastardos, filhos de Harwin Strong e não de Laenor Velaryon. Logo, não são adequados para herdar o que é suposto: o mais velho o trono de ferro; o mais novo Derivamarca.
Rhaenyra, que deveria suceder ao pai no trono, está encurralada. É cada vez mais óbvio que a situação se encaminha para uma guerra entre ela e o meio-irmão Aegon – ou pelo menos uma intriga sangrenta. Mas há ali uma carta que ainda não está fora do baralho. A paixão antiga de Rhaenyra pelo seu tio Daemon – que finalmente se consuma! -, um homem que não se afronta com a mesma leviandade com que se poderia afrontar Laenor.
A rapariga sabe disso, mas ainda é uma mulher casada. A retirada de Laenor como empecilho difere na série e no livro. Em Sangue e Fogo, de George R.R. Martin, ele é assassinado pelo amante. Aqui, encena-se a sua morte e os dois fogem. Um final surpreendente. O que se segue?