Uma das mais recorrentes polémicas de A Guerra dos Tronos prendia-se com o papel das mulheres. Pior, com a imensa violência contra as mulheres. As violações eram constantes, já quase banais de tão rotineiras. Num tempo em que os homens dominam pela força dos braços e lutam corpo a corpo, recuamos até “anteontem” quando se consideravam as mulheres seres inferiores por serem mais fracotas de físico.
Sobre a polémica, os mais otimistas diziam: “É para que as novas gerações vejam como eram tratadas as suas ‘avós’, para que tenham um ‘banho de realidade’ e não dêem como adquirido que as mulheres competem de igual para igual nos escritórios e nas universidades. Para que a memória não se desvaneça e saibam como foi”. Já os mais pessimistas temiam que os jovens achassem toda aquela violência normal, tal como a letra de um rap ou de um funk ultra machista, que ouvem com uma naturalidade estarrecedora.
A Guerra dos Tronos acabou por ter duas rainhas poderosíssimas (Daenerys e Cersei), pese embora o facto de acabarem as duas mortas, e uma lady excecional (Sansa), já para não falar na guerreira que salvou o mundo… House of the Dragon tem Rhaenyra Targaryen. Para começar.
Por enquanto, ela é a única filha do rei Viserys I e, estando este viúvo, nomeou-a sua herdeira e sucessora. No entanto, nunca Westeros teve uma rainha. Daemon, irmão de Viserys, seria a escolha óbvia para sucessor, mas caiu em desgraça, por ser tão ambicioso e provocador. Tio e sobrinha são, pois, rivais, mas não, não é isso que parece. Há ali uma ligação muito mais forte. Veremos como evolui.
Viserys é pressionado a casar pela segunda vez. Se o fizer, poderá ter um herdeiro do sexo masculino, o que afastará Rhaenyra da sua pretensão. A posição da rapariga – agora com 15 anos, mas forte e determinada – é muito frágil.
O rei estará na meia idade e são-lhe oferecidas duas raparigas. Uma tem 12 anos e a mãe diz-lhe que não tem de servir o rei na cama antes dos 14. Laena é filha de Corlys Velaryon, o poderoso “Sea Snake”, que tanto pode tornar-se um valioso aliado como num temível inimigo, e de Rhaenys Targaryen, a prima de Viserys que disputou o trono com ele – e perdeu, ganhando o título de “rainha que nunca o foi”.
A outra rapariga não foi oferecida às claras, mas de forma insidiosa. O seu pai, Otto Hightower, mão do rei, manda a filha enfiar-se nos aposentos de Viserys e consolá-lo pela morte da primeira mulher. Alicent é a melhor amiga de Rhaenyra e Viserys anuncia o seu casamento com ela sem dar cavaco à filha. Rhaenyra e Alicent, as melhores amigas, são agora a filha herdeira e a futura mulher do rei, a que lhe poderá dar o filho homem.
Vai haver guerra. E não é a destas duas adolescentes, pelo menos para já. Corlys Velaryon, descendente da casa mais antiga de Westeros, da velha Valíria, procura um aliado contra o rei: Daemon, o irmão de Viserys. Também Corlys foi irmão de um rei e anuncia ali o poder dos “segundos filhos”. Um poder que não é dado, mas conquistado. E que venha o terceiro episódio!