1. Kruger Park, África do Sul
Nas memórias de viagem do escritor, vêm-lhe sobretudo à cabeça o Kruger Park, na África do Sul. “Ver aquelas cenas que se assistem nos documentários do National Geographic, ao vivo e a poucos metros de distância, respirar o ar da savana e acordar a meio da noite com os sons da selva, desperta em nós coisas ancestrais”, diz.
2. “Joanica-Puff”, de A.A. Milne
Tal como o seu amigo e poeta Manuel António Pina, também Álvaro Magalhães é um admirador da imaginação do ursinho Puff: “Gosto de ler o livro em voz alta”, conta o escritor, a celebrar 40 anos de vida literária. “Através dele, é a própria infância que fala. A certa altura, diz Puff: ‘Devemos deixar ir as palavras como lhes dá mais jeito a elas.’ Poderia ser a primeira lição de uma suprema arte da escrita.”
3. “Esplendor na Relva”, de Elia Kazan
Pode não ter sido o melhor filme que viu, mas foi o mais tocante. “Aninhou-se dentro de mim e lá ficou, como se fosse um animal de companhia. É uma história de amor adolescente, com Natalie Wood no seu esplendor, e o jovem Warren Beatty, inspirada no poema de Wordsworth que dá título ao filme.”
4. Mozart e Nick Cave
“Sempre escrevi com a ajuda dos concertos para piano e orquestra nº 20 a 23 de Mozart, de preferência na interpretação do pianista Murray Perahia”, conta. “Noutro registo, também ouço muito Nick Cave, sobretudo a fase declamatória dos anos 80, mais falada do que cantada, mais ligada à linguagem e à literatura.”
5. Jardins do Palácio de Cristal
Recorda as idas “ao Palácio”, em criança, para ir à Feira Popular e “ver o macaco Chico e o leão Sofala”. Na adolescência, era ali que ia “jogar matrecos com os amigos ou andar de barco no lago com as namoradas”. Mais tarde, nasceu a Biblioteca Almeida Garrett que, confessa, passou a ser como a sua segunda casa.
6. Estádio do Dragão
Adepto do Futebol Clube do Porto, cita o escritor Albert Camus para explicar esta paixão: “Os jogos de domingo, num estádio cheio, são os únicos locais do mundo onde eu me sinto inocente.” E acrescenta: “O que o futebol tem de melhor é propiciar essa possibilidade de infância.”