Hortênsias
As hortênsias fazem parte da paisagem de todas as ilhas dos Açores e, no geral, dão-se bem em qualquer lado, assegura Alexandra António, funcionária há 17 anos do Viveiro Rosa Bacará, fornecedor da loja Romeira, em Lisboa. “Desde que sejam plantadas em locais com alguma sombra e frescura”, garante. Encontram-se à venda durante todo o ano, em vasos ou apenas em pés. E em várias cores: brancas, rosadas e azuis. O tom muda consoante a acidez da terra e, por exemplo, para manter uma hortênsia azul é necessária terra ácida e um adubo azulador para que a flor não perca o tom. Quanto à rega, deve ser feita na terra evitando molhar as flores e folhas. Para que no ano seguinte voltem a florir, é possível podá-las no fim do inverno.
Agenda Luz
Trata-se de uma agenda exclusiva, com apenas 500 exemplares numerados, e produzida na última tipografia existente em Ponta Delgada, em São Miguel. Desde 2014 que o projeto tem vindo a ser desenvolvido por um grupo de cinco amigos residentes nos Açores. A ideia partiu de Maria Emanuel Albergaria e a Júlia Garcia coube, depois, desenvolver o grafismo. “Temos ainda o André Laranjinha, a Diana Diegues e o Nuno Marques da Silva, que tratam dos conteúdos, as citações e as frases que vamos encontrando ao longo da agenda”, explica Júlia. O tema muda todos os anos, em 2016 foi a Luz, mas já foi Tempo e Ilhas. A agenda conta ainda com outras particularidades, como o facto de o processo de impressão e montagem manual ser feito na Micaelense, onde Júlia trabalha como aprendiz de tipógrafa. É com a colaboração do mestre tipógrafo Dinis Botelho, do mestre de acabamentos Eduardo Botelho e também com a participação de outras pessoas que entretanto quiseram ajudar (a dobrar ou a coser, por exemplo) que se consegue ter uma agenda destas na mão. Este é o terceiro ano de vida do projeto e o primeiro em que a agenda esteve à venda na loja A Vida Portuguesa e no Chapitô (custa entre os €12 e os €16). Para o ano, haverá mais.
Preguinho da Ilha
O bolo lêvedo chega fresquinho, diretamente de Ponta Delgada, todas as sextas à noite. Haverá melhor sugestão do que saboreá-lo com um bife de novilho de S. Miguel, coberto com umas fatias de queijo amanteigado de O Morro, da ilha do Faial? O Preguinho da Ilha começou a sair para a Paladares dos Açores, no Mercado do Bom Sucesso, no Porto, em outubro, e desde então tem sido um sucesso. André Pinto, corresponsável pela banca, juntamente com o pai, Arnaldo Pinto (que trabalha e vive na ilha do Pico), serve-o também no seu Uncle Joe’s Bar, em Esmoriz. André ainda tentou temperar o bife com Pimenta da Terra, mas, segundo conta, “as pessoas não estão habituadas e acharam-no demasiado picante”. Assim sendo, optou pelos temperos mais comuns: sal e pimenta moída. O preguinho (€4,50) acompanha com batata frita e pode ser saboreado com um copo de vinho tinto do Pico ou com laranjada açoriana.
Chicharros recheados
No Espaço Açores, de Alfredo e Maria José Alves, a ementa é rica e variada, embora a disponibilidade dos pratos “dependa do que vem dos Açores e da sazonalidade dos produtos”, justifica Alfredo. Os chicharros recheados (€11,80) são uma das iguarias da cozinha de S. Miguel e, quando há peixe nas ilhas, é possível encontrá-los na lista do restaurante lisboeta. “Trata-se de um prato moroso e trabalhoso”, diz Maria José que, para preparar cinco doses de chicharros, teve de chegar à cozinha às sete e meia da manhã. Segundo explica, primeiro, têm de se abrir, tirar-se-lhes a espinha e a cabeça. Depois, há que fazer o recheio (semelhante ao de uma açorda, mas sequinho), com caldo de peixe (que, entre outras coisas, leva açafroa), pão, peixe desfiado e ovo. É este o recheio que se põe entre dois chicharros (são pequenos) como se fosse uma sanduíche. Tudo frito em banha, como manda a receita tradicional, que aqui as coisas fazem-se a preceito. Chega à mesa sem um pingo de gordura, decorado com Pimenta da Terra e acompanhado de salada e curtume (legumes e fruta conservados em sal e vinagre). Se estes chicharros não lhe abriram, caro leitor, o apetite, saiba que no Espaço Açores é possível provar pratos das nove ilhas. Só no ano passado o restaurante confecionou, imagine-se, 93 receitas.
Manteiga Rainha do Pico
Em Lisboa, na Mercearia dos Açores, a Rainha do Pico, assim se chama esta manteiga produzida artesanalmente na ilha do Pico, chega a estar esgotada vários meses. “O máximo que tivemos sem receber foi oito meses”, diz Carolina Ferreira, a responsável por esta loja que se dedica em exclusivo à venda de produtos açorianos. Quem prova a rainha do Pico diz ser uma das melhores manteigas que conhece. É certo que tem alguma gordura e é salgada, mas, segundo Carolina, também “é amarela, saborosa e tem aquela aguinha por cima”. Trata-se de um produto fresco, feito a partir de matéria-prima local e de validade relativamente curta, apenas seis meses. Está à venda em embalagens de um quilo (€8,75) e, embora esta quantidade possa assustar, é possível congelá-la. “Há quem o faça”, diz Carolina. A Rainha do Pico tem lista de espera e tudo. “Normalmente quando vêm comprar fazem logo o pedido de outra, para que não falte”.
Pimenta da Terra
É o tempero mais conhecido dos Açores, em particular da ilha de São Miguel. À primeira vista, dá ares de pimento quando, na verdade, se trata de uma variedade de malagueta. A aparência é muito semelhante à da massa de pimentão. Os açorianos utilizam-na em tudo o que cozinham (refogados, guisados, peixe assado, enchidos, sopas, fritos…), não havendo prato que não leve uma pitada da pimenta que serve também para acompanhar pão ou queijo fresco, para barrar e decorar. “Se a utilizar, não tem necessidade de utilizar mais nenhum tempero, pois já tem sal”, esclarece Carolina Ferreira, da Mercearia dos Açores, em Lisboa. Para obter este condimento segundo o método artesanal, é necessário cortar e retirar as sementes da pimenta, moê-las num moinho especial e depois passá-las por um processo final de salga. “Eu até ponho no caldo verde e no bacalhau com natas”, diz Carolina, em jeito de brincadeira. Muito versátil, a pimenta tem ainda várias designações (pimenta vermelha, da terra ou dos Açores), consoante o produtor e as marcas. Os preços começam em 1,85 euros.
Loiça da Lagoa
A loiça da fábrica de cerâmica Vieira na Lagoa, em São Miguel, com mais de 150 anos, é um dos ex-libris do artesanato açoriano e que Carlos Gomes considera essencial no seu Mercadinho dos Açores, na Baixa do Porto. Pintada à mão, a azul ou verde, vende-se em chávenas almoçadeiras (€7,20) ou em serviços completos: com bule de chá, cafeteira, leiteira, açucareiro, seis chávenas e seis pratos (€138). Não faltam sequer as terrinas tradicionais, onde se servem habitualmente as sopas do Espírito Santo. A loiça da fábrica Vieira, na Lagoa, que prepara a abertura de um museu, terá chegado às ilhas, em 1862, pela mão de Bernardino Silva. Ainda hoje é feita à mão, com desenhos inspirados na paisagem açoriana. Os presépios de lapinha, feitos por artesãos na ilha de S. Miguel, são outras das peças de artesanato açoriano que é possível encontrar nesta loja.
Dona Amélia e outros doces
Luísa Nunes, uma arquiteta açoriana a viver há 22 anos no continente, é uma apaixonada pela doçaria da sua ilha, a Terceira. Por isso, no seu restaurante/salão de chá Sabores & Açores, no Porto, projeto que partilha com mais três sócios, tem sempre Dona Amélia. Conta-se que o doce passou a ser conhecido por este nome depois de ter sido oferecido à rainha, aquando de uma visita à Terceira. Canela, mel de cana-de-açúcar, farinha de milho, ovos e açúcar são os ingredientes necessários à confeção do Dona Amélia, que é feito por Luísa dia sim, dia não (€1,10). Mas há a arquiteta/doceira faz ainda outros doces da Terceira: os delicados Camafeus (açúcar, gemas, ovos e nozes), os Espécies de São Jorge (recheio de anis, pimenta branca, canela, pão ralado, açúcar e massa quebrada no exterior) e, de vez em quando, também filhoses de forno (com recheio de limão).
Queijo São Jorge
As características particulares do queijo São Jorge começam logo pelo nome, que nunca deve ser abreviado. “O correto é queijo São Jorge – DOP, é assim que está registado e deve ser designado”, explica a engenheira agrónoma e especialista em produtos tradicionais Ana Soeiro. A descrição desta iguaria da ilha de São Jorge segue com outro detalhe curioso: “É feito com leite de vaca, o que nos Açores não é estranho, mas em Portugal a maioria dos queijos tradicionais são de leite de ovelha.” E mais: é leite cru (o queijo não é pasteurizado), o que faz toda a diferença, pois os microrganismos é que fornecem os aromas e sabores especiais aos queijos. “É preciso ter um grande saber para fazer um queijo desta dimensão com leite cru”, diz Ana Soeiro. Hoje em dia, este queijo de pasta dura, pequenos olhos (buraquinhos), cor amarelada (quanto mais maduro mais amarelo), sabor forte e picante, é facilmente adquirido em supermercados, mercearias e lojas especializadas. No entanto, convém seguir alguns preceitos na hora de o comer: deve cortar-se em pequenos cubos para que melhor se possa sentir o sabor e, durante uma refeição, deve ser comido no fim. Se fizer parte de uma tábua de queijos, saiba ainda que deve ser dos últimos a ser degustado para não abafar os sabores dos anteriores. Afinal, a dimensão impõe respeito – pode ter entre oito e 12 quilos e 25 a 35 centímetros de diâmetro (por cada quilo de queijo são utilizados 5 litros de leite) – e o sabor também.
Licor de Arroz-Doce
Deve beber-se bem fresco e polvilhado com canela – só assim se retira o máximo de sabor deste licor de natas com sabor a arroz-doce. “Foi descoberto durante uma prova de licores, das muitas que fazemos na fábrica de licores A Mulher de Capote”, conta Carolina Ferreira, que, para além de responsável por três lojas de produtos açorianos em Lisboa, é membro da família proprietária da empresa sediada na Ribeira Brava, em São Miguel. A receita não pode ser revelada, mas diz quem sabe que o segredo está na matéria-prima: as natas frescas dos Açores e o ponto de cozedura das mesmas. “É isso que lhe confere o sabor a arroz-doce”, diz Carolina Ferreira. Aparentemente inofensivo, tem na realidade 16 graus de teor alcoólico – que só se sentem na garganta. O Licor de Arroz-Doce foi lançado no Natal de 2013 (custa €8,50 a garrafa), embora há muito os Açores sejam sobejamente conhecidos pela produção de licores como o de ananás, anis ou maracujá.
AÇORES EM LISBOA E NO PORTO
Espaço Açores Tradição e Gourmet
Em Lisboa, uma das lojas mais antigas com produtos açorianos. É pequena, mas tem variedade. R. de S. Julião, 58, Lisboa > T. 21 135 8593 > seg-sex 10h-14h, 15h-19h
Loja Açores
Das nove ilhas açorianas, vende de tudo um pouco: refrigerante Kima, queijos, conservas de atum, biscoitos de orelha de Santa Maria, chás, vinhos, queijadas da Graciosa, bolachas de chocolate Mulata ou caramelos das Furnas. R. Viriato, 14 C, Lisboa > T. 21 090 9069 > seg-sex 10h-19h
Mercearia Criativa
Especializada em produtos nacionais, embora também sirva refeições. Uma das propostas do menu é o hambúrguer em bolo lêvedo dos Açores (de Arrifes, S. Miguel). Para levar para casa, há marmelada, manteiga, alguns queijos açorianos e bolo lêvedo. Av. Guerra Junqueiro, 4A, Lisboa > T. 21 848 5198 > seg-sáb 10h-20h
Mercearia dos Açores
Nesta mercearia, vai encontrar produtos como a manteiga Rainha do Pico e uma grande variedade de licores. R. da Madalena, 115, Lisboa > T. 21 888 0070 > seg-sex 10h-19h, sáb 10h-13h
Espaço Açores
Na carta deste restaurante açoriano, há pratos típicos das nove ilhas. Mercado da Ajuda, Lg. da Boa Hora, Lisboa > T. 21 364 0881 > ter-dom 12h-15h, 19h-22h30
Kampai
Restaurante de sushi com inspiração açoriana, confeciona uma boa parte das propostas do menu com peixe fresco dos Açores. Cç. da Estrela, 35-37, Lisboa > T. 21 397 1214 > qua-seg 12h30-14h30, 19h30, 22h30
Rabo d’Pêxe
Neste restaurante das Avenidas Novas, só se come ao balcão. A ementa é especializada em peixes, mariscos e carnes dos Açores. Av. Duque de Ávila, 42 B, Lisboa > T. 21 314 1605 > seg-qui 12h-15h30, 19h-24h, sex-dom 12h-24h
Peter Café Sport
Referência obrigatória do Faial, o Peter Café Sport tem três bares/restaurantes no Continente. Todos eles servem o célebre gin tónico que pode ser acompanhado, por exemplo, com uma tosta ou um hambúrguer de novilho açoriano com linguiça açoriana e queijo de São Jorge. Há t-shirts e canecas para levar como recordação. R. da Pimenta, 39, Parque das Nações, Lisboa > T. 21 895 0060 > seg-qui, dom 12h-1h, sex-sáb até 2h > Porto de Recreio de Oeiras, Estr. Marginal, Praia da Torre, Lt. A, Oeiras > T. 21 446 7335 > seg-qui, dom 10h-1h, sex-sáb até 2h > Cais da Ribeira, 24, Porto > T. 91 360 6034 > seg-dom 10h-2h
Paladares dos Açores
É uma montra de produtos açorianos: queijos de todas as ilhas (especialmente de pequenos produtores), vinhos do Pico, lapas, bolo lêvedo de S. Miguel, manteigas e conservas. Mercado do Bom Sucesso, Pç. do Bom Sucesso, Porto > T. 91 438 7890 > dom-qui 10h-23h, sex-sáb 10h-24h
A Vida Portuguesa
Vende chá Gorreana e conservas de atum das marcas Santa Catarina, Tenório, Catita e Risonho. Lg. do Intendente Pina Manique, 23, Lisboa > T. 21 197 4512 > seg-dom 10h30-19h30 > R. Anchieta, 11, Lisboa > T. 21 346 5073 > seg-sáb 10h-20h, dom 11h-20h > Mercado da Ribeira, Av. 24 de Julho, Lisboa > T. 211 368 446 > seg-dom 10h-23h > R. Galeria de Paris, 20, 1º, Porto > T. 22 202 2105 > seg-sáb 10h-20h, dom 11h-19h
Sabores & Açores
Restaurante e salão de chá, serve cozinha e doçaria, sobretudo, açoriana. C. C. Bombarda, R. Miguel Bombarda, Porto > T. 92 651 8718 > seg-sáb 12h-20h
Mercadinho dos Açores
Muito mais do que uma mercearia, quer transportar os sabores das ilhas para o Porto através de biscoitos, queijos, doces, enchidos, vinhos, chás e artesanato. R. da Alegria, 250, Porto > T. 22 328 5995 > seg-sáb 10h-19h
El Corte Inglés
Produtos como carne açoriana Indicação Geográfica Protegida (IGP), queijos, fumeiro, gelados e iogurtes da Quinta dos Açores, vinhos e ananás dos Açores. Av. António Augusto Aguiar, 31, Lisboa > T. 21 371 1700 > seg-qui 10h-22h, sex-sáb 10h-23h30, dom 10h-20h > Av. da República, 1435, Vila Nova de Gaia > T. 22 378 1400 > seg-sáb 10h-23h, dom 10h-20h