Quando foi a última vez que reparou nos azulejos que revestem os prédios por onde passa diariamente? Portugal é um país de azulejos e essa é uma arte muito nossa, mas no dia-a-dia, quase nem nos damos conta disso. Se não os preservarmos (e são muitos os que caem ou “desaparecem” das fachadas misteriosamente) como poderemos dignificá-los? Foi a pensar em tudo isto que três engenheiras do Porto criaram, há poucos meses, um projeto que pretende registar os azulejos existentes nos exteriores das casas portuguesas, de norte a sul do país: o Mapping Our Tiles. É uma espécie de base de dados que já conta com 56 padrões registados e cerca de uma centena ainda por inventariar. Muitos faltarão ainda para que este projeto de georreferenciação, “que liga diversos padrões de azulejos às localizações físicas onde atualmente existem”, como se explica no site, se torne um verdadeiro mapa de localização da nossa azulejaria, mas para lá caminhamos. “A seleção é baseada em dois critérios: a frequência ou a quantidade de casas que têm esse padrão, e a beleza, que é sempre muito subjetiva” esclarece Teresa Oliveira, bioquímica e uma das responsáveis pelo projeto juntamente com Sónia Martins, microbióloga e designer, e Isabel Braga da Cruz, engenheira alimentar. Todas elas se dedicam ao Mapping Our Tiles “como hobby e, ao mesmo tempo, dando um contributo cultural”, acreditam.
O projeto surgiu quando as três engenheiras químicas andavam à procura de padrões de azulejos para servirem de embrulho aos sabonetes artesanais Bonjardim, que produzem desde o ano passado. Certo é que este inventário tem atraído o interesse de vários estudiosos do azulejo português e o Mapping Our Tiles já tem uma parceria com uma equipa da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
“Motivar mais gente para a sua preservação”, acrescenta Teresa Oliveira, é outro dos grandes objetivos. “Nem sempre as pessoas dão conta dos azulejos existentes nas ruas por onde passam todos os dias. E não falamos só das grandes cidades. Há azulejos espalhados por todo o país”, sublinha. A verdade é que qualquer um pode contribuir para este mapeamento, enviando, através da página de Facebook ou Instagram, uma fotografia do edifício (com o respetivo padrão do azulejo) e a sua localização. “É preciso preservar esta arte para as gerações futuras”, reforçam as três engenheiras. E todos podemos ajudar.