A entrada fez-se em passo apressado, mas não deixámos de dar conta do discreto painel de azulejo cravado na fachada e que indicava o destino, o Locke de Santa Joana. A primeira unidade hoteleira da cadeia britânica em Portugal é também a maior da empresa. O projeto, nascido das ruínas do antigo convento de Santa Joana, um edifício do século XVII, cravado entre o Marquês de Pombal e a Rua de Santa Marta, combina história e modernidade e é diferente de tudo o que existe em Lisboa.
Quando damos conta, o ruído da cidade ficou para trás e a atenção foca-se no que está à volta. Uma receção com serviço informal e descontraído, onde entre check-ins e checkouts há quem leia um livro ou trabalhe sentado nos sofás e cadeirões, emoldurados por vasos de plantas verdes. Damos conta dos painéis de azulejos antigos, um dos elementos históricos que foram mantidos e se destacam nos balcões da receção e do café Castro’s, um cantinho apetitoso com balcão e uma janela aberta para a rua.
O Locke Santa Joana ocupa um quarteirão inteiro e foi pensado para ser vivido por todos, sejam hóspedes, visitantes ou vizinhos – e isso percebe-se quando sabemos o que foi pensado para aqui e se vai descobrindo nas várias alas – Beato, Arte, Convento e D. Álvaro, com surpresas pelo meio. Mas, já lá vamos.
O alojamento divide-se entre quartos, apartamentos com kitchenette, suítes e penthouses, num total de 370, todos bem equipados e com mimos (como o tapete de ioga, um convite à atividade física). Aliás, conta-se ali com um ginásio aberto 24 horas. A decoração dos quartos ficou a cargo da Post Company, que utilizou materiais locais, dos tecidos às cerâmicas, combinando a herança histórica do edifício com detalhes modernos. E são pet-friendly, tal como os restantes espaços do hotel. Aliás, o vaivém de pessoas não incomoda o companheiro de quatro patas de um dos hóspedes que, como nós, aproveita as instalações da sala de cowork para trabalhar.
Encontros no pátio
Os olhos arregalam-se assim que chegamos ao pátio, o coração do Locke de Santa Joana, local privilegiado para o convívio de hóspedes e locais. Com a ala Beato nas nossas costas, onde estão a maior parte dos quartos, demoramo-nos a apreciar o ambiente e a arquitetura do conjunto de edifícios que formam o hotel, também com acesso pela Rua de Santa Marta.
A história combina na perfeição com a modernidade nos vários espaços. Uma parte do passado está à vista, a outra, feita de achados arqueológicos e outras peças, há de ser mostrada num pequeno museu. É de referir que as áreas comuns, restaurantes e bares refletem a visão do designer de interiores Lázaro Rosa-Violán, cujo trabalho, feito de cor e conjugação de padrões, conhecemos de outros restaurantes da capital.
Nesta zona ao ar livre, destaca-se o arco de pedra junto à piscina, envolvida por uma zona verde com espreguiçadeiras e chapéus de colmo, assim como a fachada da igreja do convento de Santa Joana e a pérgula do restaurante Santa Marta, com várias zonas de esplanada, onde havemos de jantar e tomar um delicioso pequeno-almoço al fresco. Os espaços gastronómicos do Locke têm conceitos originais assinados pelas britânicas Spiritland e White Rabbit e são um convite à diversão e ao encontro. Quando estiverem todos abertos – ainda temos de esperar pelo restaurante Santa Joana, que terá o chefe Nuno Mendes como diretor criativo, pelo Bar Joana e O Pequeno, que abrem durante o mês de outubro –, no Locke teremos dois restaurantes, quatro bares e um café à disposição. Quer se tome um whisky ou uma flute de champanhe, quer a música saia de um gira-discos ou de uma moderna mesa de mistura, a boa onda é garantida.
Locke de Santa Joana > R. Camilo Castelo Branco, 18, Lisboa > T. 21 155 5590 > a partir de €200
Dicas para explorar: Restaurantes, bares e café
Café Castro’s Com janela para a rua e balcão no interior da receção, tem café de especialidade (€1,50), pastelaria variada, incluindo pastel de nata e caracol de cardamomo, e sanduíches variadas, como a de presunto com picles de figo, rúcula em ciabatta (€7). Seg-dom 6h30-15h30
Santa Marta Aberto todo o dia, do pequeno-almoço (€19) ao jantar. Da cozinha de inspiração mediterrânica saem antipasti variados para partilhar, pizzas, massas e pratos como os camarões grelhados em manteiga de coentro e limão. Nuno Dinis, enquanto chefe-executivo do Locke, é o responsável por este restaurante. Seg-dom 11h-23h
Spiritland É no piso -3 da ala Beato que se esconde este bar de cocktails com residências musicais trazidas por DJ nacionais e internacionais – tal como no Spiritland Londres, o projeto-âncora. Qui-sáb 19h-2h
The Kissaten Noutro formato original, este bar casa uma biblioteca de vinis e a maior seleção de whiskies da cidade, mais de 100 referências. A curadoria também é da Spiritland e está no piso -1 da ala Beato. Qua-sex 19h-2h
O Pequeno Só o champanhe e o Martini constam da carta deste pequeno bar com onze lugares, instalado na zona de entrada da ala Convento.
Santa Joana A surpresa está revelada: será o chefe Nuno Mendes o diretor criativo deste restaurante, o maior do hotel, também com esplanada. Fica na ala Convento, no espaço da antiga igreja. Com destaque no produto, servirá mariscos e peixe na grelha – mas esperam-se surpresas.
Bar Joana É uma mezzanine com vista para o restaurante Santa Joana. Na carta há cocktails e uma seleção de vinhos pouco habitual.