Se não fosse o encantamento pelo espaço, onde existiu a centenária Livraria Cruz (1888), provavelmente teriam hesitado em lançar-se neste desafio. Há 30 anos que Antónia Leite, o marido e os filhos (João e Pedro) deixaram Braga para viver em Lisboa. Há sete, Pedro voltou para a cidade minhota e, quando uma tia comprou este prédio, numa das principais ruas do centro histórico, a família abraçou o projeto de abrir um restaurante, sobretudo os irmãos (Pedro gere a casa e João a comunicação).
Na transformação do edifício semiabandonado, rodearam-se de nomes bracarenses de mérito: o arquiteto Carvalho Araújo esteve encarregado das obras e restauro; e a Casa do Passadiço assinou a decoração. Os tetos de gesso trabalhado a imitar madeira, as belíssimas portas em arco ou a fachada emblemática que mantém o antigo letreiro combinam harmoniosamente com o mobiliário de um estilo clássico moderno. “Os turistas param na rua e admiram, e os bracarenses contam histórias, porque o lugar diz muito a várias gerações”, conta Antónia.
Já para elaborar a carta do Livraria trouxeram Justa Nobre, reputada chefe de cozinha da nossa praça. “Queríamos uma mestre da gastronomia típica portuguesa e gostávamos muito da sua comida de conforto, simplicidade e simpatia”, recorda Antónia. “Em Braga, queríamos ser um complemento aos bons restaurantes regionais e não concorrência”, acrescenta. Facilmente se entenderam com Justa sobre os pratos e contrataram uma jovem chefe-executiva, Helena Carvalho, para cumprir com rigor as diretrizes.
A carta é relativamente pequena, mas equilibrada. Nas entradas, sobressaem a sopa de crustáceos com massa folhada (€10) ou os cannelloni de sapateira (€14). Os peixes têm tido bastante aceitação, como a tranche de garoupa em escama de alho (€29) ou o bacalhau confitado com alecrim (€24) e, nas carnes, o bife da Livraria (€26), com um molho secreto, tem-se destacado, entre sugestões como bochechas de porco preto (€28) ou cabrito de Mirandela (€28). A comida, com sabores bem apurados, chega em doses generosas, para agradar aos apetites minhotos. Entretanto, surgiram novidades: às sextas e sábados, servem ostras da ria Formosa; ao domingo, têm um buffet de cozido à portuguesa, uma das especialidades de Justa Nobre, que não podia faltar.
Livraria > R. Dom Diogo de Sousa, 127, Braga > T. 253 179 008 > seg-qui 12h30-15h, 19h30-23h, sex-sáb 12h30-15h, 19h30-24h, dom 12h30-16h > sugestão do dia €14 a €18