Lisboa
1. Aloendro Mercearia
Já chegaram os primeiros morangos de Palmela, carnudos e aromáticos. Na Aloendro, pouca coisa há que não tenha origem portuguesa e regional. Aliás, quanto mais local melhor, seja do Oeste, do Alentejo, do Algarve e até das ilhas. Numa transversal à Rua dos Soeiros, em São Domingos de Benfica, abria, a 23 de dezembro, esta mercearia, acolhedora, bonita e cheia de coisas boas. A culpa é do casal Mariana Sampaio, 25 anos, e Xávi Colomer, 27, ambos com formação em Hotelaria (conheceram-se no decurso do mestrado em gestão hoteleira, na Catalunha, onde Xávi nasceu) e sem trabalho até há três meses. Mariana gostava de que o nome remetesse para as suas raízes alentejanas. Nada melhor do que o pequeno arbusto que lhe faz lembrar o caminho de acesso ao monte dos avós na Vidigueira.
O ponto principal era ter fruta e hortaliças nacionais de qualidade, daí se abastecerem no armazém dos pequenos produtores no Mercado Abastecedor da Região de Lisboa. Mas há mais, muito mais: azeitonas, enchidos do Alvito e de Barrancos, alheiras de Mirandela, azeite da Vidigueira, queijos de Oriola e do Alandroal, leguminosas, sementes e frutos secos a granel. Ao pão de fermentação lenta da Pão do Beco, além das suas focaccias e rolos de canela, o ideal é juntar manteiga, a açoriana Rainha do Pico ou a Boua, uma criação do chefe Nuno Bergonse. Todas as sextas, há mercado biológico lá dentro, numa parceria com a Quinta dos Medronheiros, em Sesimbra, para levar verdes e frescos num cabaz ou avulso. R. General José Celestino da Silva, 4A, Lisboa > T. 21 581 3569 > seg-sáb 8h-20h
2. Comvida
Perto da Fundição de Oeiras, numa loja cheia de luz, a Comvida abriu como mercearia a granel e cafetaria, em outubro passado. Ali, só os cereais e o café (Sgt. Martinho) é que não são portugueses. De resto, da fruta aos legumes, das leguminosas e dos frutos secos às infusões e aos vinhos, tudo é nacional, sazonal e biológico. Sofia Oliveira e Fábio Gomes, o casal proprietário, fazem questão de contar a história de cada produtor que foram conhecendo, num périplo pelo País – um trabalho que não dão por terminado, até porque a ideia é aumentar a oferta. Foi o que aconteceu com a avelã, uma novidade que chega do Fundão, com a qual fazem uma Nutella caseira (também têm manteiga de amendoim e de amêndoa). Todas as semanas, por encomenda, está disponível um cabaz de frescos (3,5 kg de legumes, 1,5 kg de fruta, €15) que pode complementar-se com o pão de fermentação lenta da padaria Massa Mãe, em Benfica. R. Ernesto Veiga de Oliveira, 10A, Oeiras > T. 21 165 3357 > qui-sex 11h-16h, sáb-dom 10h-13h
3. Mercearia Aurora
Numa das paredes cor-de-rosa da Mercearia Aurora, há um poster em que se lê: “A melhor decisão é sempre a tomada. Regret [arrependimento] nada.” Com a reabertura do seu bar Toca da Raposa, em Lisboa, adiada sem data, Constança Cordeiro pôs-se a pensar no que fazia falta na zona onde vive, São Pedro do Estoril. E percebeu que não havia uma mercearia onde comprar fruta e legumes. Os frescos vêm do Mercado Abastecedor da Região de Lisboa, e, da quinta Vale das Dúvidas, no Alentejo, os raminhos de aromáticas e alguns legumes produzidos em modo biológico. Também há ovos de galinhas felizes, uma seleção de queijos da francesa Maître Renard, de Campo de Ourique, empadas congeladas e ainda uma série de produtos, feitos por Constança: granola, pickles, manteigas temperadas, húmus, chutneys, doces e Nutella caseira. Ao sábado, é dia de baguetes e brioche da Isco (Alvalade) e de pão de fermentação lenta da Taleiga (Parede). De flores frescas, Constança faz uns ramos lindos que alegram a casa. E, a julgar pelo seu sorriso, diríamos que o arrependimento não mora aqui. R. Sacadura Cabral, 377B, São Pedro do Estoril, Cascais > ter-dom 9h-19h
4. Mercearia Domitília
Com pouco mais de dois meses, a Mercearia Domitília, de Bernardo d’Orey, já faz parte do dia a dia dos moradores do bairro da Lapa. Portugueses e estrangeiros compram ali produtos de charcutaria (“o jambon blanc, um presunto francês, sai muito”, diz Bernardo), fruta e legumes biológicos, vinhos, pão e croissants de La Boulangerie, a padaria de Bernardo a funcionar na porta ao lado. “Criou-se aqui uma sinergia”, refere o proprietário. Nas prateleiras, há um pouco de tudo, dos bens essenciais aos produtos finos, muitos deles biológicos, incluindo os de higiene. “Foram dez meses a selecionar referências de qualidade, principalmente portuguesas mas também estrangeiras, porque há procura”, conta Bernardo que viajou, de norte a sul do País, à procura de iguarias como o queijo da serra, que vem da loja de dona Isaura, em Oliveira do Hospital, o café Flor da Selva, do bairro lisboeta da Madragoa, ou as batatas de Porto Covo, entregues pelo senhor Carlos. Especiarias, leguminosas, café e alguns detergentes são vendidos a granel, porque a sustentabilidade também faz parte deste projeto. Na mercearia, servem ainda sanduíches feitas com charcutaria, à escolha do cliente, em pão de La Boulangerie. Em maio, começam as entregas ao domicílio. S.L.F. Lg. do Olival, 50-52, Lisboa > T. 91 883 8317 > seg-sex 8h-21h
5. A Mercearia Saloia
Entre 2014 e 2019, A Mercearia Saloia esteve de portas abertas na Rua de São Bento. Depois de um interregno, reabriu, há um mês, na LX Factory e, por isso, será uma novidade para muitos clientes. O negócio das irmãs Sara e Mariana Rolim mantém a ideia inicial de ter onde comprar produtos frescos e tradicionais portugueses. Aqui, às terças e quintas, chegam a fruta e os legumes de pequenos produtores e, ainda às quintas, entregam-se os cabazes (€15) com produtos alentejanos. Nas prateleiras, mistura-se a tradição das marcas, como as bolachas e os biscoitos Paupério ou os sabonetes Confiança, com a inovação dos negócios, como as compotas Donanna de Coja e os sabonetes da Anáhbia de Ponte de Sor. Em breve, Sara Rolim quer ter pão da região saloia, cozido em forno a lenha, especialmente carcaças. LX Factory, R. Rodrigues de Faria, 103, Lisboa > seg-sáb 11h-20h
Porto
6. Mercearia 100 Saco
Mariana Guerra diz que “não tem saco” para o insustentável, quer incentivar escolhas mais amigas do ambiente, reduzir o plástico, reutilizar o mais possível e evitar o desperdício. Foi precisamente por tudo isso que envolveu o irmão Diogo, a tia Teresa e o primo Tiago neste “negócio de família”. “Mais do questionar ou ensinar, é preciso dar alternativas para uma mudança conjunta”, diz a professora de Química. Assim nasceu, há quatro meses, a poucos minutos do Parque da Cidade, a Mercearia 100 Saco, com cerca de mil referências, mais de 200 vendidas a granel. Das especiarias aos chás, das algas às frutas desidratadas e granolas artesanais, quase tudo está acondicionado em frascos de vidro XL, onde é difícil não meter o nariz (com máscara, claro). Em breve, a 100 Saco irá abrir uma loja online, fará workshops e terá receitas com arroz vermelho, noodles e algas, por exemplo, para acabar com as dúvidas sobre como usar alguns produtos. Ali, não há sacos de plástico, mas os clientes podem servir-se de sacos de papel ou levar os seus de casa. A decoração minimalista, de tons suaves e materiais naturais, visíveis em estantes feitas pela família a partir de árvores secas, armários de madeira e cestos de fibras naturais, deixa sobressair a intensidade de cores e de aromas. Av. Dr. Antunes Guimarães, 85, Porto > T. 91 257 4990 > seg-sex 10h-19h, sáb 10h-17h, dom 10h-14h
7. Pasto Fino Mercearia
É numa pequena praça, na zona do Pinheiro Manso, no Porto, que, desde dezembro passado, está a Pasto Fino, a mercearia das irmãs Benedita e Francisca Lobão. À entrada, há fruta e legumes frescos, farinhas para fazer pão com leveduras naturais, bolachas e biscoitos artesanais, chá e azeite biológicos. “Não é uma loja gourmet, é uma mercearia de bairro, com produtos nacionais de pequenos produtores”, diz Francisca, que trabalha na área de vinhos, queijos e enchidos do wine bar Capela Incomum, também no Porto. Foi, aliás, com cabazes de Natal que o projeto arrancou. “Começámos com a gama de presente, agora trabalhamos para a despensa”, continua Francisca. Na garrafeira, encontra-se bom vinho, como o Estação Alves de Sousa ou o Monte da Raposinha. Ao lado, estão iogurtes artesanais, sem conservantes, feitos em Elvas, compotas da serra da Estrela, broa de Avintes e pão regional de Mirandela. Na Pasto Fino, entrega-se em casa um cabaz de fruta e legumes (€15) e serve-se café e sumo natural para levar. R. Arquiteto Cassiano Barbosa, 38 B, Porto > T. 93 202 8423 > seg-sex 10h-19h, sáb 10h-17h, dom 10h-13h
8. Granélia
Os espinafres e os espargos acabam de chegar à Granélia, a loja de produtos biológicos a granel, aberta no verão passado, no centro da Maia, pelas irmãs Sofia e Sandra Rente. “Sentíamos falta de um lugar com oferta biológica variada, acolhedor e próximo do cliente”, explica Sandra. À entrada, há um balcão virado para o exterior e um antigo armário amarelo com frasquinhos de chá, especiarias (moídas e em grão), alguns livros e ilustrações da polaca Mirjam Siim. São mais de 200 produtos, grande parte deles a granel, como leguminosas, frutos secos, sementes, granola caseira, farinhas, produtos de cosmética e até detergentes. Poderá ainda comprar ovos, chá em infusão ou blend, pão de fermentação lenta (trigo, centeio, azeitonas e alecrim, espelta com sementes…), bolachas artesanais de chocolate e limão, bolos caseiros à fatia e café. Já na fruta e nos legumes, encontrará o que é da época. “Só temos o que a Natureza dá”, diz Sandra. Na Granélia, incentiva-se a levar as embalagens de casa, para reduzir a pegada e “tornar o mundo melhor, um grão de cada vez”, defendem Sofia e Sandra. R. Engenheiro Duarte Pacheco, 146, Maia > T. 22 097 5384 > seg-sáb 10h-19h