Sentamo-nos na esplanada para jantar, numa das poucas noites quentes de setembro, e é impossível não olhar a vista para o rio Douro. Seja na varanda seja na sala do restaurante do hotel Torel Avantgarde, o cenário está garantido. O que nos trouxe aqui foi a nova carta do Tenro (uma versão 2.0 do Digby, o outro restaurante do hotel), que aposta na carne portuguesa, preparada de forma especial – sete dias em salmoura; uma marinada feita com ervas, especiarias e vinhos, e confeção lenta no forno, alimentado a cascas de coco, que pode ir de seis a 10 horas.
Antes de a provarmos, chegam à mesa algumas das novas entradas: ovo de fumeiro, com queijo da ilha de São Jorge (€7), tártaro tenro (€10) e um ramen ou consomé de cogumelos (€8), com raviolis e ovo cozido marinado.
No capítulo das carnes, de raças autóctones (arouquesa, barrosã, cachena, maronesa, minhota, mirandesa e porco bísaro), optamos pela barriga de porco bísaro (€15, 180gr/200gr) e pelo chambão de barrosã (€15, 180gr/200gr), tão tenro que se desfaz na boca. Tanto nestas como nas restantes opções (frango de Lafões, vazia barrosã, aba arouquesa), sugere-se para acompanhamento molhos de vinho tinto, glacé de legumes, presunto, cogumelos ou manteiga de ervas.
Quem optar pelo peixe, conta com rodovalho, robalo ao sal e garoupa (por encomenda). As raízes transmontanas do chefe Hugo Portela, 39 anos, influenciaram a mudança da carta. “É como um voltar às memórias. A minha avó fazia marinadas de quatro ou cinco dias em vinha-d’alhos”, recorda Hugo, que já passou por restaurantes em Oslo, Barcelona e Montreaux. Com esta cozinha, pretende “trabalhar os cortes de antigamente, que garantem outra intensidade de sabor à carne”. O pudim Abade de Priscos, com gelado de baunilha, rematou o jantar. Chapeau!
Hotel Torel Avantgarde > R. da Restauração, 336, Porto > T. 22 244 9615 > seg-dom 11h30-23h