Comprar bom e barato é raro – assim diz o provérbio, com a razão que geralmente acompanha o senso comum –, mas acontece sobretudo a quem procura informar-se e tem critério nas escolhas que faz. Em relação aos vinhos, a boa relação qualidade/preço deve ser entendida como expressão orientadora de quem busca qualidade a preços acessíveis, e não como mera frase feita. Ela tem, ainda, o mérito de afastar preconceitos, como os de duvidar da qualidade de tudo o que é barato ou de sobrevalorizar tudo o que é caro. Destas atitudes resultam, aliás, desilusões perfeitamente evitáveis se o consumidor estiver informado e disponível para provar vinhos que não constam do seu rol habitual de compras, que tende para a rotina. Damos três exemplos de vinhos com excelente relação entre a sua qualidade e o respetivo preço: Pouca Terra Douro DOC Branco 2019, Quinta do Monte d’Oiro Regional Lisboa Tinto 2017 e Dorina Lindemann Regional Alentejano Rosé 2019.
O vinho branco vem do Cima Corgo e traz a assinatura de dois enólogos, Celso Pereira e Jorge Alves, irmanados no projeto Quanta Terra. Última novidade do seu portefólio, este Pouca Terra é talvez o vinho mais simples, mas muito sério e convincente. Conjuga duas das castas brancas mais nobres do Douro, a Gouveio e a Viosinho (45% cada) com a Moscatel, inevitável nestas paragens do planalto de Alijó. Que bela surpresa, dirão muitos ao prová-lo, mesmo que não tenham em conta a componente aliciante do preço.
O tinto é da Quinta do Monte d’Oiro, propriedade de José Bento dos Santos, situada no litoral oeste, a norte de Lisboa, região saloia por tradição e de bons vinhos por vocação. Deste vinho se dirá, em resumo e em termos comuns, que costuma ser o mais incisivo e claro, apenas isto: “Enche as medidas”. Seduz do princípio ao fim com o aroma, o corpo e o sabor elegantes.
O Rosé tem origem alentejana, nas terras de Montemor-o-Novo, onde se situa a Quinta da Plansel, da família Lindemann, natural da Alemanha e radicada, há muito, em Portugal. Intenso e fresco, tanto no aroma como no paladar, revela-se um vinho sedutor, mais do que, certamente, o seu contido preço deixaria supor.
Pouca Terra Douro DOC Branco 2019
Elaborado com base nas castas Gouveio e Viosinho, cada qual com 45%, e Moscatel, restantes 10%, fermentou e estagiou em inox, durante quatro meses. Tem aspeto brilhante, cor citrina, aroma fino, com delicadas notas frutadas e minerais, paladar elegante com leveza e frescura que realçam a presença de boa fruta, sobretudo cítrica, e um final harmonioso, que satisfaz. €7,49
Quinta do Monte d’Oiro Regional Lisboa Tinto 2017
Exclusivamente Syrah de uvas provenientes de parcelas distintas desta casta, na Quinta do Monte d’Oiro, com fermentação em cubas de inox e estágio de 16 meses em barricas de carvalho francês. Elegante em tudo, da cor rubi profunda ao aroma contido com boas notas de frutos vermelhos maduros e de especiarias, paladar macio e guloso. Muito gastronómico e versátil. €10
Dorina Lindemann Regional Alentejano Rosé 2019
Feito com uvas de duas castas tintas tradicionais do Alentejo, Aragonez e Castelão, em partes iguais, com fermentação em pequenas cubas de inox ao longo de cerca de quatro semanas. Seduz com a cor rosada suave e brilhante, o aroma intenso e fresco a frutos vermelhos com toque floral, e o paladar elegante com a acidez a derramar frescura, a fruta fresca e o álcool bem medido (11,5% Vol.). €5,70