Regressamos ao Alto Minho e às provas de vinhos da casta Alvarinho no seu território favorito, que é a sub-região de Monção e Melgaço (na Região dos Vinhos Verdes), onde revela todo o seu potencial. São vinhos de terroir com manifesta influência do vale do rio Minho, como bem demonstram os três Alvarinhos que apresentamos. Muito diferentes entre si, mas com o mesmo carácter nobre da casta.
Propositadamente, deixámos de lado dois dos nomes mais prestigiados de Monção e Melgaço, Anselmo Mendes e Quinta de Soalheiro, ligados a vinhos emblemáticos, e escolhemos outros que merecem ser igualmente conhecidos: Adega de Monção, que agrega 1 720 produtores; Joana Santiago e Nuno Mira do Ó, associados no surpreendente projeto SOU; e Miguel Queimado, que respira saúde com os seus Alvarinhos do Vale dos Ares. A Adega Cooperativa de Monção é exemplar, tanto na gestão da empresa que, recorde-se, ante a ameaça da pandemia, em vez de bradar aos céus ou pedir subsídios, antecipou pagamentos para ajudar os associados a fazerem frente às previsíveis dificuldades, como na produção de vinho, que revela uma consistência de qualidade invulgar.
Joana Santiago é uma advogada que se rendeu à paixão do vinho e trocou o escritório pela quinta da família. Os seus vinhos Alvarinho logo deram nas vistas. De uma conversa ocasional com o enólogo e também produtor Nuno Mira do Ó surgiu um desafio para ambos: criarem um Alvarinho com uvas da Quinta de Santiago que fosse “uma expressão crua e pura do terroir”. E assim nasceu o SOU, porventura ainda mais “natural, rebelde e autêntico” do que eles imaginaram. Vale dos Ares é a marca dos vinhos premium Alvarinho que Miguel Queimado decidiu produzir, a partir de 2012, na Quinta do Mato, propriedade familiar desde 1683. Entusiasta dos vinhos de pequena produção, Miguel procura oferecer “um Alvarinho de Monção e Melgaço cheio de nervo, representando a casta na sua plenitude, sem maquilhagens, nem artifícios”. E consegue.
Deu La Deu Alvarinho Premium Monção & Melgaço 2018
Resulta de uma seleção das melhores uvas da casta Alvarinho com estágios de sete meses em borras finas com bâtonnage e de três meses, pelo menos, em garrafa. Tem aspeto brilhante, cor amarelo-palha, aroma complexo com notas de frutos secos bem harmonizadas com a madeira do estágio, paladar encorpado e macio, final seco e persistente. Só ou à mesa, fica sempre bem. €16
SOU Quinta de Santiago & Mira do Ó Alvarinho Monção e Melgaço Branco 2018
Produzido com uvas da casta Alvarinho de uma parcela da Quinta de Santiago, uma parte fermentou em barricas usadas, outra em cuba, e estagiou nove meses em borra fina. Tem cor amarelo-citrino, aroma complexo a fruta e a flores com notas de especiarias e um toque mineral, paladar com volume, textura e harmonia impressionantes. Muito gastronómico. Seduz, intriga e convence. €32
Vale dos Ares Alvarinho Monção & Melgaço Branco 2019
Elaborado com mil cuidados, da colheita das uvas à vinificação, fermentou em inox e estagiou seis meses em borras finas com bâtonnage e mais dois meses em garrafa. Apresenta aspeto brilhante, com citrina, aroma limpo com notas de fruta fresca (citrina) e florais, paladar cheio, estruturado, harmonioso com acidez bem equilibrada, final elegante e persistente. Desta qualidade, a este preço, é coisa rara! €9,90