O Algarve é a região do País onde há mais restaurantes com Estrelas Michelin. Este guia não é a Bíblia, bem sabemos, mas, além da influência, tem credibilidade bastante para que as suas recomendações mereçam ser tidas em conta, como acontece no Algarve com os restaurantes Ocean e Vila Joya (duas Estrelas) ou Bon Bon, Henrique Leis, São Gabriel e Willie’s (uma Estrela). São lugares onde todos devem ir, podendo. É por isso que se mencionam aqui. Em comum, têm a cozinha de base internacional (embora com influência portuguesa e algarvia, por vezes bem marcada, como no São Gabriel) e a qualidade e das matérias-primas, da culinária, do serviço e das instalações. Mas há outros restaurantes bons e muito mais acessíveis, entre os quais escolhemos seis de cozinha portuguesa e um de cozinha étnica (tailandesa), este pela originalidade e beleza, tanto do lugar onde está, como da gastronomia que apresenta.
1. Eira do Mel
Está numa zona agrícola contígua ao mar, entre gente que vive ou do amanho da terra ou da pesca. Esta realidade reflete-se na cozinha do chefe José Pinheiro, que sabe combinar esses produtos e, na tradição da cozinha algarvia, apresenta propostas tão aliciantes como a cataplana de polvo com batata-doce, prato emblemático que não pode sair da ementa, tal como a cataplana de camarão com carne de porco, a massada de peixe ou o javali estufado em vinho tinto, que traz um pouco da serra para a mesa. Para sobremesa, sugere-se o queijo de figo com pipeta de medronho, que é outro produto tipicamente serrano. Garrafeira com seleção criteriosa, dispondo de três ou quatro vinhos brancos, tintos e rosés a copo. Restaurante agradável, ambiente tranquilo e serviço simpático. Estr. do Castelejo, Apartado 12, Eira do Mel, Vila do Bispo > T. 282 639 016 > ter-sáb 12h30-15h; 19h30-22h30, seg 19h30-22h30 > €25 (preço médio)
2. Thai Garden
Entre árvores e jardins, perto do mar, mas sem a agitação própria das praias, o restaurante Thai Garden partilha com o São Gabriel um espaço bonito, tranquilo e seguro, propício para estar em família e com as crianças. A comida, exclusivamente tailandesa, com base em vegetais e outros ingredientes frescos, também é de agrado geral, porque a já longa permanência dos cozinheiros em Portugal deu-lhes conhecimento dos gostos e preferências de quem nasceu aqui. Boa parte dos pratos são feitos sem picante. Na ementa extensa e diversificada destacam-se, nas entradas: “karee puf” (folhado com recheio de vaca, caril e legumes), “tom yam kung” (sopa picante de camarão) e “yam talay” (salada de marisco numa folha de couve, também picante); nos pratos principais: “phad thai” (massa com camarões, rebentos e ciboleta), “panang curry” (caril especial com carne de porco ou lombo de novilho) e “pla tod sam rod” (filete de robalo com molho agridoce). Estr. de Vale do Lobo, Quinta do Lago, Almancil > T. 289 394 521 > ter-dom 18h30-23h > €45 (preço médio)
3. António Tá Certo
Não é dos mais badalados, mas está na moda e justifica-o com a localização privilegiada, sobre a praia do Garrão, e com o peixe grelhado, que é do melhor que se encontra em qualquer parte. Um lugar na esplanada vale todo o esforço. Depois é escolher o peixe, que existe sempre em qualidade e variedade apreciáveis, desde o robalo e a dourada, os mais requisitados, até à sardinha, no verão, e esperar que o calor das brasas faça o que lhe compete, preservando-lhe a textura e o sabor. Entretanto, pode aguçar-se o apetite com umas amêijoas à Bulhão Pato, das legítimas, carnudas, com gosto de mar, ou uns seletos carabineiros. Mediante reserva fazem-se bons cozinhados no tacho, como os arrozes de lingueirão e de marisco, as cataplanas, enfim, o que se quiser. Praia do Garrão, Loulé > T. 289 396 456 > ter-sáb 10h-16h, 19h-22h (bar aberto todo o dia, sendo o horário oficial das 10h às 24h), dom 10h-16h > €40 (preço médio)
4. A Tasca do Petrol
Esta proposta é tão ousada com compensadora: ir ao interior do concelho e da serra de Monchique, subindo, subindo até quatro quilómetros de Marmelete, e descobrir a sua gastronomia no A Tasca do Petrol. Vale a pena, porque a cozinha serrana, que se baseia nos enchidos – chouriça, farinheira, molho e morcela – no presunto e na carne de porco está aqui representada tal como é, graças aos irmãos Nélia, na cozinha, Pedro e Osvaldo, na sala. Servidos como entrada, os enchidos são verdadeiros petiscos. Nos pratos principais destacam-se o pernil de porco, as bochechas estufadas e o cozido de couve com papas de milho, carnes de porco, farinheira e morcela ou o feijão com couve, batata-doce, carnes de porco e chouriço. Aos fins de semana, o borrego no forno e o javali estufado também fazem lei. Boa doçaria regional, que vai bem com o medronho a finalizar a refeição. EN 267, Corgo do Vale, Marmelete, Monchique > T. 282 955 117 > qui-ter 12h-15h, 19h-21h30 > €20 (preço médio)
5. Adega Vilalisa
Vila e Lisa são os dois responsáveis pelo êxito deste restaurante que faz dos produtos locais e do modo tradicional de os confecionar o seu lema. O espaço é original: casa rústica com duas salinhas e um pátio interior, cozinha algarvia que não enjeita a criatividade e recria aromas e sabores regionais perdidos. Outra singularidade está na ementa fixa com três ou quatro entradas e quatro pratos principais, que variam de dia para dia, embora o polvo assado no forno e a sopa de grão com rabo de boi tenham presença garantida, porque ninguém os dispensa. Mas também suspiram pela canja de conquilhas ou de amêijoas, pelo xarém de lingueirão, pela massa de peixe, pelo pernil de porco e por outras iguarias regionais. Boa doçaria também regional. Pequena garrafeira, predominando os vinhos da casa (um branco de Fazendas de Almeirim e um tinto de Alenquer). R. Francisco Bivar, 52, Mexilhoeira Grande, Portimão > T. 282 968 478 > seg-dom 20h-24h (de julho a setembro, no resto do ano só abre sexta e sábado, além de alguns feriados) > €35 (preço médio)
6. D. Rodrigo
No cruzamento de Altura, em vez de virar para a praia, tome a direção da serra e encontra logo a seguir, num desvio à direita, uma casa branca com barra amarela, isolada, que foi apeadeiro do caminho de ferro e agora é restaurante de cozinha tradicional portuguesa com uma componente forte de grelhados no carvão: o D. Rodrigo. É uma casa simples, alegre, bonita, com ambiente familiar e boa comida, feita e servida pelos donos da casa, Chico e Telma, respetivamente. Barriga de atum, robalo, dourada e garoupa, nos peixes, e secretos de “porco preto”, nas carnes, impõem-se nos grelhados; arroz de lingueirão e bochechas de “porco preto” estufadas são pratos emblemáticos, que não podem faltar, tal como as cataplanas de polvo, de tamboril e de carne de porco. Para sobremesa, o D. Rodrigo ou a delícia do Algarve que agrega os três sabores regionais: alfarroba, amêndoa e figo. Sítio da Conveniência, Montinho da Aroeira, Altura > T. 281 956 505 > qui-ter 12h-15h, 19h-22h > €20 (preço médio)
7. Vistas
Este restaurante é um dos melhores do Algarve, embora não esteja assinalado com Estrela Michelin, certamente por lapso ou falta de conhecimento, talvez devido ao recato do Monte Rei Golf & Country Club. Albano Lourenço é o chefe de cozinha português que o lidera, apresentando pratos sofisticados com produtos de alta qualidade e técnica culinária primorosa. São pratos com assinatura em que o toque pessoal sobressai, seja no simples gaspacho de melancia (feito em sifão, um “shot” que é excelente aperitivo), seja na cataplana de mariscos com gambas, lagostins, ostras, mexilhões, amêijoas gradas ou outros, num hino ao mar, seja na trilogia de atum – ceviche, carpaccio e marinado em soja – com batata-doce fina e crocante, ou seja nos griséus (ervilhas) em creme com batata-doce e chouriço. Há três menus, entre seis e dez pratos. Serviço compatível com o alto nível da cozinha. Monte Rei Golf & Country Club > Pocinho, Ribeira da Gafa, Vila Real de Santo António > T. 281 950 950 > ter-sáb 19h-22h30 > €69, €75 e €95 para cada um dos três menus