Mário João
Os empregados de mesa são todos italianos, o chefe e ajudantes de cozinha também. A ementa apresenta-se igualmente na língua que se fala na antiga capital do império romano – embora traduzida para um português escrito com letra mais miúda. Quase tudo nos transporta para Itália neste restaurante na Rua de São Bento, em Lisboa. De Portugal, o Il Matriciano Al Mare (irmão mais novo do Il Matriciano, ali mesmo ao lado) aproveita pouco mais do que o peixe, o marisco (comprados no mercado da Ribeira), a fruta, os legumes e o pão. O resto vem de Itália: as massas de Abruzzo, o azeite da Sicília, o parmigiano de Parma, como não podia deixar de ser. O milho, o vinagre, os temperos e algum vinho são também trazidos das viagens que o romano Alessandro Lagana faz ao seu país, semana sim, semana não.
Pode não parecer, mas Alessandro é um apaixonado por Portugal desde que, em 2007, começou a vir de férias para o país mais ocidental da Europa. Gostou tanto que, em 2014, deixou o hotel de quatro estrelas em Teramo nas mãos do irmão, cedeu a gestão dos seus dois restaurantes e comprou um outro (com esplanada) à frente do Parlamento português. Mandou vir a moglie Stefania com os dois filhos e, no lugar do belga BeBel, fez o Il Matriciano. A aposta foi feliz. Não só tem sido apontado como o melhor italiano da cidade como, ano e meio depois, já estava a abrir o Il Matriciano Al Mare.
A receita do romano é a mesma para os dois estabelecimentos: o buogiorno, buonasera, grazzie, prego e per favore acompanham a cozinha artesanal italiana. Mas no Al Mare (aberto há três semanas), o carpaccio é de robalo (€14) e não de novilho, os raviolis de tamboril (€16) em vez de bochecha de porco e o risotto é de lagostim (€15). Todos os pratos principais são à base de peixe e marisco português, aos quais Jonathan De La Cruz, o chefe de 27 anos que suspirava por deixar Livorno (uma das capitais italianas do peixe), para vir ter com a namorada a Lisboa, dá um toque mais mediterrânico. As sobremesas, essas, não levam peixe. E podem ser todas ótimas, mas nenhuma é tão bonita como os minigelados artesanais em forma de fruta (€12), para dois.
Por enquanto, o Il Matriciano Al Mare ainda só está aberto ao jantar, mas, em setembro, garante Alessandro, já deve ser possível dar um pulinho a Itália Al Mare, à hora do almoço.
“O dono tem de estar nos seus restaurantes”, diz Alessandro Lagana, enquanto passa pelas mesas, cumprimentando os clientes. Todas as noites, o italiano estaciona a Vespa e passa o tempo a correr entre Il Matriciano e Il Matriciano Al Mare, dois restaurante que ficam nas costas um do outro.
Mário João
Il Matriciano Al Mare > R. de São Bento, 99, Lisboa > T. 93 580 3867 > ter-sáb 19h30-2h