É costume dizer que os vinhos do Alentejo estão na moda e cada vez há mais razões para o repetir, porque não param de nos surpreender: são vinhos cuja qualidade é real e consistente, a personalidade vincada e a variedade imensa, quase sem limites. E se é inevitável que as modas passem, por ser próprio da natureza delas, no caso dos vinhos do Alentejo parece que as coisas andam ao contrário e quanto mais o tempo passa mais se entranha o gosto por eles. O número de apreciadores cresce, tanto entre os que procuram bons vinhos a preços atrativos, privilegiando a relação saudável entre a qualidade e o preço, como entre os que não prescindem do melhor que há, pagando em conformidade.
Um dos aspetos mais notáveis dos vinhos do Alentejo, onde nos últimos anos foram plantadas e reconvertidas grandes extensões de vinha, com novas técnicas e diferentes castas de uvas, é que preservam o seu caráter. Por exemplo, às castas brancas tradicionais Arinto, Antão Vaz e Roupeiro, juntaram-se outras, quer nacionais, como Alvarinho e Verdelho, quer estrangeiras, como Chardonnay e Viognier; e às tintas Aragonês, Trincadeira e a Alicante Bouschet, somaram-se a portuguesa Touriga Nacional e a universal Cabernet Sauvignon, entre outras. Nada que contrarie o prazer de beber e dizer no fim com o ar satisfeito de sempre: “belo vinho alentejano”. É o que acontece com os três vinhos que apresentamos a seguir, todos lançados e provados recentemente.
Olho do Mocho Reserva 2012 Feito de uvas das castas Touriga Nacional, Alicante Bouschet e Tannat, que foram vindimadas em períodos distintos e vinificadas separadamente. Estágio de 16 meses em barricas de carvalho francês. Cor rubi muito concentrada, aroma intenso a frutos pretos maduros com notas de especiarias, paladar austero e fresco com os taninos firmes bem envolvidas e estrutura elegante, final longo e sedutor. €18
Art. Terra – Curtimenta 2015 A cor laranja do vinho pode surpreender, mas é natural e promete vir a ser moda. É feito de uvas das castas brancas Antão Vaz, Arinto e Viognier, fermentado em lagar com pisa a pé com maceração pós-fermentativa de oito dias, seguida de estágio de seis meses em barricas de carvalho francês usadas. Tem aroma intenso com notas de tangerina, menta e canela, e paladar suave, fresco e mineral. Beber só ou na companhia de petiscos, como os frutos secos. €15
Monte das Servas Rosé 2015 As uvas de que é feito são das castas tintas Touriga Nacional e Syrah, em partes iguais, tendo resultado um vinho muito agradável, quer à vista com a cor de salmão, quer ao olfato com o aroma a frutos vermelhos e a flores, quer, ainda, ao paladar, fresco e bem estruturado. Para beber só, à conversa, ou com pratos leves, à mesa. €4,60