“É um restaurante pensado para que um grupo possa sentar-se à mesa e desfrutar de uma refeição, independentemente das intolerâncias ou das dietas que cada um segue”, diz Nuno Carrusca, sobre a cozinha da Água no Bico, em Lisboa. “O que acontece muitas vezes é que o vegetariano acaba a comer umas batatas fritas com salada, enquanto o omnívoro se vê reduzido a um bife de tofu. Mesmo os restaurantes que têm pratos vegetarianos reduzem a oferta a uma ou duas opções que, na verdade, são muito pouco elaboradas”, defende. Nuno Carrusca não se diz chefe de cozinha, até porque tem formação em artes plásticas. Mas quando surgiu a oportunidade de concorrer à exploração da cafetaria do novo Polo Cultural das Gaivotas, entre o Cais do Sodré, fez-se valer dos 12 anos de experiência a trabalhar em cozinhas de restaurantes. Primeiro em Lisboa, no Olivier Avenida, depois em Berlim, no Sauvage, de comida paleo, e no Till The Cows Come Home, um restaurante de slow food.
Aberta há um mês, a Água do Bico é especializada nas dietas paleo, vegetariana, vegan e crudívora. “Servimos de tudo um pouco, mas seguimos algumas regras”, esclarece Nuno. Na dieta paleolítica, por exemplo, dispensam-se os alimentos processados, açúcares refinados, laticínios, cereais e leguminosas, carne de aviário ou peixe de aquacultura. De resto, e a partir dos produtos que todos os dias recebe – carne de caça, peixe de alto mar rico em ómega 3, uma grande variedade de vegetais e fruta –, Nuno prepara a ementa que serve ao almoço, diariamente, e ao jantar, de quinta-feira a sábado. No dia que por lá passámos, a caldeirada de veado já estava pronta e o tabuleiro com gratinado de tintureira com leite de coco e legumes salteados em açafrão aguçava o apetite. Para quem não come peixe e carne, havia sopa de legumes (batata-doce, courgette e cenoura), couscous com cogumelos selvagens ou batata-doce assada composta por um salteado de brócolos e beringela. Já a salada de noodles de courgette, pesto e legumes tinha sido feita a pensar nos crudívoros e, para sobremesa, tartelete de frutos vermelhos ou de mousse de abacate e lima com pepitas de cacau (esta com base feita de frutos secos e ameixa, para os intolerantes ao glúten). Para acompanhar, sumos naturais, kombucha (chá fermentado que reforça o sistema imunitário), ginger ale caseiro e vinho (embora a dieta paleo o dispense). Tudo para ser saboreado dentro de portas, na pequena mas acolhedora sala, ou lá fora, na mesa comprida do pátio, mesmo bom em dias de sol.
Durante a semana, há três menus de almoço (€5-€10) e, ao domingo, o Água do Bico abre para servir um brunch, composto por sopa, prato, bebida, doce, chá ou café. Custa 10 euros por pessoa.
Água no Bico > R. das Gaivotas, 8, Lisboa > T. 91 011 1570 > ter-qua 10h-21h, qui-sáb até 24h, dom 11h-18h