Aos cinco sócios, foi fácil arquitetar o plano. Para Rui, Tiago, Pedro, João e Clem, todos amigos na casa dos trinta e poucos anos, o Clube do Bacalhau é uma associação cultural onde pretendem explorar a portucalidade, “incluindo a arte enogastronómica”, como explica Clem Ferreira, músico, produtor e técnico de som. “Somos uma casa para as pessoas estarem a beber, a comer um petisco e a participar em algo cultural”. Poderá ser uma exposição de fotografia, de pintura ou de escultura, concertos ou performances, “nunca nada de forma excêntrica, mas sim intimista”. Os músicos, por exemplo, serão desafiados a reinterpretarem os seus temas de forma mais acústica. A programação começa em março, com as noites de quarta-feira dedicadas à stand-up comedy, com humoristas conhecidos, algo que não descartam para quando organizarem, logo a seguir, o ciclo de fado. Traçar uma rota de tasquinhas, onde se come bom bacalhau, será outra das tarefas a pôr em prática durante este ano.
É numa transversal à Rua do Arsenal, conhecida pelas lojas de venda de bacalhau, que, desde 2014, Clem – juntamente com Rui Moreno, o único dos cinco que já trabalhava em restauração, e João Alves,responsável pela parte comercial – têm passado os dias. As profissões de Tiago Cerqueira (músico e compositor) e Pedro Silva (operador de câmara no Qatar) obrigam-nos a grandes temporadas fora de Portugal e, por isso, estão menos presentes. Depois de longos meses de obras, onde puseram, literalmente, as mãos na massa para partir paredes, descobrir abóbadas em pedra e um poço com água potável, tratar madeiras e decorar com móveis, armários, cadeiras e mesas de escola comprados na Feira da Ladra, todos estão satisfeitos com ambiente conseguido – uma sala a media luz onde apetece ficar em amena cavaqueira acompanhados de bons petiscos. Rui Moreno, com os chefes Marco Farias e Cláudio Martins, elaboraram uma ementa onde o bacalhau é o ingrediente principal, mas não é o único. Tudo pode ser partilhado, desde o carpaccio de bacalhau fumado com queijo da ilha, alcaparras, paprica e lima (€10), as tibornas de bacalhau com pasta de azeitona e de queijo de cabra com mel e alecrim (€4,50/cada), as pataniscas de bacalhau com maionese de lima (€4), o hambúrguer de bacalhau (€7), o wrap de bacalhau e legumes (€8). Nas carnes, difícil será escolher entre tábuas de presunto de porco preto (€9) ou de enchidos de porco preto (€14,50), o prego mirandês, com carne portuguesa certificada (€9,50), moelas no tacho (€4,50), laminado mirandês com mostarda à antiga, uma espécie de pica-pau (€9,50) e porco ao mar, a lembrar a carne de porco à alentejana (€6,50). No fundo, é um clube onde já abriram as inscrições para sócios e simpatizantes.
Clube do Bacalhau > Tv. do Cotovelo, 12, Lisboa > T. 21 342 0737 > ter-sáb 12h-24h (cozinha), sex-sáb até 2h