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O boato começou a circular em dezembro passado. O Maxime vai fechar? Vai. Já não há dúvidas e até já está marcada a festa de despedida (ver caixa). Um litígio entre a empresa Companhia dos Milagres, responsável pela gerência (Bo Bäckström, Manuel João Vieira e Frank Coelho), e a Joing está no cerne do problema que levou a tomar a “difícil decisão” de encerrar as portas do cabaret da Praça da Alegria.
Antes de continuar a ler, é preciso apresentar os intervenientes deste caso, de modo a não causar alguma confusão. O Grupo Bernardino Gomes é proprietário do prédio no número 58 da Praça da Alegria, em Lisboa; a empresa Joing é inquilina apenas do espaço do Maxime; a empresa Companhia dos Milagres é somente responsável pela gerência do cabaret com um contrato de concessão de exploração de cinco anos, mais um opcional.
Após a abertura a 12 de janeiro de 2006, o Maxime fechou entre agosto e dezembro desse ano. O interregno serviu para, a pedido da Câmara Municipal de Lisboa, instalar um aparelho de controlo dos decibéis (limite máximo 89). Na altura a autarquia considerou que o alvará estava caducado devido a obras não licenciadas realizadas numa data entre 1960-1970.
“Nós tratámos da instalação do aparelho de controlo de ruído e também entregámos um projeto de arquitetura para o interior do Maxime”, lembra Bo Bäckström. Na altura, “a Joing, como entidade detentora do contrato de arrendamento, deveria tratar do alvará caducado”, explica Bo.
Recentemente, em diálogo com a Câmara Municipal de Lisboa sobre o futuro do Maxime (já que 2011 é o tal ano opcional do contrato de concessão de exploração), descobriram que o alvará continua prescrito.
“O ambiente não é propício para continuar a atividade”, diz Manuel João Vieira. “Nunca é fácil tomar uma decisão destas. O Maxime foi um projeto interessante, um trabalho digno. Só espero que o espaço não se perca e quem quer que continue, agarre bem na casa”, acrescenta o músico.
Palco de variedades
“Estes cinco anos passaram depressa. Muito trabalho, fez com que nem déssemos conta do tempo passar”, afirma Manuel João Vieira. Além de responsável pela parte artística da gerência, o músico e compositor conta com mais de 40 atuações no palco do Maxime, divididas entre Ena Pá 2000, Irmãos Catita e Corações de Atum. O cálculo foi feito a partir dos cartazes produzidos pela Banana Royale, “uma produtora de espetáculos independente, mas que programou, produziu e promoveu alguns dos espetáculos mais carismáticos do Maxime nos últimos anos”, descreve Tita. “O único ponto em comum é o facto de o Manel estar envolvido no Maxime e nós sermos agentes dele há mais de 15 anos”, esclarece.
Vamos viajar no tempo. Em 2006, José Cid e Vítor Espadinha foram responsáveis pelas maiores enchentes da casa. Desde então, José Cid atuou duas vezes por ano naquele palco. Foi o regresso em força do autor de grandes sucessos musicais dos anos 80 como Vem Viver a Vida, Amor, Cai Neve em Nova Iorque ou Um Grande, Grande Amor. A par de António Calvário, Artur Garcia, Dina, Herman José, Lara Li, Lena D’Água, Phil Mendrix ou Simone de Oliveira, Cid e Espadinha fazem parte da secção de artistas recuperados.
ntagonicamente há uma série de novos artistas que deram os primeiros passos no Maxime. O grupo liderado pela vocalista Ana Bacalhau, Deolinda – que esta semana atua pela primeira vez no Coliseu dos Recreios, em Lisboa – pode encabeçar uma lista da qual fazem parte B Fachada, Norberto Lobo, Tiago Guillul e Samuel Úria e Real Combo Lisbonense. Nos consagrados da música nacional relembre-se Dead Combo, Jorge Palma, JP Simões, Lula Pena, Pop Dell’Arte ou Rádio Macau. No rol de estrelas internacionais não esquecer o concerto acústico para fãs de Bryan Adams; Michael Imperioli, o ator de Os Sopranos a liderar os La Dolce Vita; a estreia absoluta em Portugal de Beach House – dupla de Baltimore (EUA), composta pelo americano Alex Scally (guitarra) e pela francesa Victoria Legrand (teclas e voz) – um segredo bem guardado que se tornaria uma das maiores certezas da indie pop feita neste início de século; a banda mítica do punk The Mekons.
Da programação diversificada, “embora nem sempre bem compreendida”, considera o sueco Bo Bäckström, padrasto de Manuel João Vieira, salientamos também a Sétima Arte presente em Cinemaxime; O Clube de Comédia que juntou em palco o sexteto humorístico Aldo Lima, Bruno Nogueira, Eduardo Madeira, Francisco Meneses, Nilton e Óscar Branco; o espetáculo Que Vergonha Rapazes! onde, sozinho no palco, Miguel Guilherme interpretava uma série de textos retirados da Antologia do Humor Português, de Alexandre O’Neill a Bocage, dos mais corrosivos aos mais subtis. Muitas “variedades” num local com um encanto especial.
Festa de encerramento
Auf Wiedersehen*Maxime*Goodbye dá o mote para a última reunião artística e festiva no cabaret da Praça da Alegria. O alinhamento desta “festa tremenda, soberba, excessiva, inesquecível, um acontecimento bestial com implicações no próprio Produto Interno Bruto, e até no clima do planeta, uma festa que até os nossos bisnetos irão relembrar com saudade!” (como anuncia o convite) contará com Irmãos Catita (música); Miss Suzie (prestidigitação com rãs); Sandro Core (o cantor italiano tetra-romântico); Gretty Star (a bailarina erótica), e ainda Victor Gomes, o rei dos Gatos Negros, o felino mais assanhado da manada.
Maxime, Pç. da Alegria, 58, Lisboa T. 21 346 7090, 91 635 0427. 29 Jan, Sáb 22h, espetáculo 23h30. Imperial €2,50, Whisky €5. Fumadores: Área Específica