Lembra-se de na infância e na adolescência lhe dizerem para não se esquecer de esfregar bem atrás das orelhas e entre os dedos dos pé quando estivesse a tomar banho? Pois é, os adultos tinham razão. Essas são duas zonas que devem estar limpas, porque são dos lugares preferidos pelos micróbios para se desenvolverem e prejudicarem a saúde.
O microbioma, ou seja, o conjunto de micróbios que vivem no corpo humano, é conhecido por desempenhar um papel na saúde humana e com a pele não é diferente. Um novo estudo mostra que a composição do microbioma da pele varia nas regiões secas, húmidas e oleosas da pele.
Uma equipa de investigadores do Instituto de Biologia Computacional da Universidade George Washington, nos EUA, teve interesse em testar o conselho dado pelos pais ou avós na hora da higiene diária e o resultado do seu estudo, intitulado Diversidade espacial do bacterioma da pele, foi publicado em setembro na revista Frontiers in Microbiology.
Keith Crandall, diretor do Instituto de Biologia Computacional e professor de bioestatística e bioinformática na Universidade George Washington, chama a atenção para pontos críticos, como a pele atrás das orelhas, entre os dedos dos pés e também o umbigo, normalmente, lavados com menos frequência em comparação com a pele dos braços ou das pernas e, por isso, podem alojar diferentes tipos de bactérias.
A Keith Crandall juntou-se Marcos Pérez-Losada, professor associado de bioestatística e bioinformática da Escola de Saúde Pública do Instituto Milken da Universidade George Washington, e criaram um curso de genómica, no qual reuniram uma equipa de estudantes para os ajudarem na pesquisa.
Os 129 alunos, adultos saudáveis, aprenderam a recolher os seus próprios dados, a extrair e sequenciar o ADN nas amostras de pele – esfregando certos pontos húmidos e oleosos atrás das orelhas, entre os dedos dos pés e no umbigo, para comparar com regiões onde a pele é mais seca, como a barriga das pernas e os antebraços.
Concluíram que os antebraços e os gémeos, limpos com mais cuidado no banho, tinham uma maior diversidade de micróbios, logo, uma coleção potencialmente mais saudável em comparação com as amostras colhidas nos pontos críticos.
Keith Crandall explicou aos seus alunos que se o microbioma pender a favor de micróbios prejudiciais, o resultado poderá ser doenças de pele como eczema ou acne, causando o desequilíbrio da saúde.
Foi também comprovada a tese de que os hábitos de limpeza podem alterar os micróbios que vivem na pele humana e, consequentemente, o estado de saúde. No próximo duche, já sabe: comece por lavar estas zonas esquecidas.